21 de abril de 2014

PROTEGER OS ANIMAIS É TAMBÉM PROTEGER AS PESSOAS

QUEM MALTRATA ANIMAIS É POTENCIAL AGRESSOR DE PESSOAS

Estudo comprova que pessoas que maltratas e assassinam animais são potenciais agressores e assasinos de pessoas 

Não é cliché afirmar que um indivíduo que maltrata animais terá coragem de fazer o mesmo com o seu semelhante: obviamente que erramos ao cair numa falácia de generalização precipitada ao considerar todas as pessoas com esta característica farinha do mesmo saco, mas no entanto não devemos ficar indiferentes quando alguém violenta um animal; o que aparenta ser um acto lamentável à vista de muitos pode, na verdade, ser um alerta para o perigo.  

Através de várias investigações levadas a cabo pelo FBI, chegou-se à conclusão que cerca de 80% dos homicidas começam a tecer os seus mantos criminosos matando animais. Um dos casos mais horrendos que revela o paralelismo entre a crueldade com animais e a crueldade com humanos é, provavelmente, o dos dois jovens serial-killers que ficaram conhecidos como os maníacos de Dnepropetrovsk: os comportamentos bárbaros de Viktor Sayenko e Igor Suprunyuck principiaram-se com tortura extrema contra animais, resultando na morte deles. Insatisfeitos com o sadismo que aplicavam, decidiram expor os seus actos na rede, publicando fotografias de cães e gatos enforcados, posando frequentemente ao lado das vítimas numa postura zombeteira.  
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Não demoraram muito em substituir os animais pelos humanos. Dos alegados vinte e um assassinatos cometidos chegaram a filmar um, cuja gravação pode ainda ser encontrada na internet. No vídeo, é possível ver um deles a golpear brutalmente a vítima na cabeça, perfurando-lhe postumamente o corpo com uma chave-de-fendas. O riso que deixam escapar ocasionalmente sufoca ainda mais o ambiente macabro protagonizado. Sergei Yatzenko tinha 41 anos. 

Para além de desfigurarem as vítimas com golpes de martelo ou com uma barra de ferro, os dois jovens costumavam mutilá-la arrancando os olhos, cortando orelhas ou eviscerando-as, exactamente como faziam com os animais.  

Viktor Sayenko e Igor Suprunyuck acabaram por ser condenados à prisão perpétua: a crueldade com animais também foi listada em ambas as condenações. 

Notificação: a Quebra do Silêncio não publica imagens violentas, cujo conteúdo denuncie tortura e/ou morte de animais, e muito menos divulga vídeos snuff. Caso deseje comprovar a veracidade do caso dos maníacos de Dnepropetrovsk pode aceder aqui. Aviso importante: contém imagens chocantes, capazes de ferir a susceptibilidade.  

O abuso contra animais não deve ser ignorado, mas encarado como uma manifestação de agressividade latente que pode evoluir para um comportamento violento contra humanos. Proteger os animais é proteger as pessoas: a urgência de uma verdadeira lei que penalize os maltratos e a morte de animais constituirá uma barreira de segurança no seio da sociedade.  

Relatos históricos bastante antigos também ajudam a demonstrar o carácter instável de alguém que barbariza e mata pessoas, assim como barbariza e mata animais:  

Não foi por acaso que Vlad Tepes inspirou Bram Stoker na criação do Drácula, personagem épica que ficou imortalizada no nosso imaginário. O príncipe da Valáquia era popular pelo seu sadismo sem limites, que exibia nas suas horas de almoço com requintes de malvadez: Draculea tinha como hábito matar os seus inimigos por meio do empalamento, deixando-os a agonizar durante horas ou até mesmo dias. As vítimas sofriam ininterruptamente, enquanto o sol queimava-lhes a epiderme que ocultava os seus órgãos a sucumbir ao sistema tortuoso.  

Quando Vlad Tepes foi preso a mando do rei Matthius Corvinus, em 1462, continuou com o seu passatempo preferido, mutilando e torturando pequenos animais que conseguia capturar na sua cela. Pássaros e camundongos acabavam decapitados ou esfolados e depois soltos, embora muitos fossem empalados em pequenas lanças improvisadas.  

Vlad Tepes não foi o único a descarregar a sua agressividade nos animais: Thomas Edison, o famoso inventor e cientista, também protagonizou cenas lamentáveis por encontrar-se em guerra aberta com o também inventor Nikola Tesla. O primeiro defendia o uso da corrente contínua, e o segundo, o uso da corrente alternada. Este atrito enfureceu de tal forma Edison, que este decidiu começar a electrocutar animais para convencer o público dos perigos da corrente alternada. O vídeo que o próprio gravou da electrocussão de Topsy, a elefanta, pode ser encontrado na internet. 

Os direitos dos animais ainda é um tema calorosamente debatido que divide a opinião pública. Quem desconsidera a existência dos direitos de animais não-humanos, no geral, argumenta que estes não têm deveres, o que retira-lhes quaisquer privilégios. Coincidência ou não, quando esta ideia foi filosoficamente enraizada no Humanismo, houve uma queda de valores no que toca ao respeito pela natureza, desembocando também na secundarização e  falta de respeito pela mulher, tendo nascido daí o Ecofeminismo. 

* Ecofeminismo: “(…) um sistema de valores, um movimento social e uma prática, mas também oferece uma análise política que explora as relações entre o androcentrismo e a destruição ambiental. É uma consciência que começa com a compreensão de que a exploração da natureza está intimamente ligada com a atitude do homem ocidental para com as mulheres e as culturas tribais, ou (…) que há um paralelismo no pensamento dos homens entre o seu direito, por um lado, de explorar a Natureza e por outro o uso que fazem das mulheres.”

(Janis Birkeland, Ecofeminism: Living Theory and Pratice) 

 Ao reflectir-se sobre esta filosofia no feminino (ou filosofia feminista, segundo outras interpretações), é possível interligar a crueldade com animais aos casos de violência doméstica. Pesquisas revelam a ligação entre os dois problemas supratranscritos, alertando para o problema da violência exercida no seio familiar, não só com as mulheres, mas também com as crianças e os idosos.* 

 *Rita de Cassia Garcia
 Coordenadora do Controlo de Doenças SES/SP

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