No âmbito
do projeto “Ambiente e Património Local – “Conhecer para valorizar e proteger”,
que é o tema do PCT da turma dos 1º e 3º anos da Escola de Almagreira, os
alunos e o CADEP-CN estudaram e depois foram conhecer a bonita e histórica
“Quinta da Senhora do Monte”, que passo a apresentar.
Esta quinta solarenga, localizada
na freguesia de Almagreira, é uma construção do início do Séc. XX (1819),
pertença da família do Senhor Francisquinho da Praia.
É composta por uma grande casa
rural (antiga casa de quinta) constituída por habitação, ermida, corpo do
escritório, casa do alambique, cisterna, retrete e curral de porco.
A retrete, separada do complexo
habitacional, fica próxima da cisterna e está adossada ao curral do porco.
A cisterna, de planta retangular,
ocupa o espaço compreendido entre o embasamento do forno e o tardoz da ermida.
O corpo da habitação é de planta retangular
com dois pisos (lojas no piso térreo) e sótão. Tem "caixa do lar"
(com "janela da gateira" e "chaminé de vapor") e forno
semicilíndrico (sobre embasamento) salientes.
No ângulo do forno com a
habitação existe um balcão com escada em cantaria, para acesso ao piso superior. As janelas
são de guilhotina de duas folhas.
A ermida, com dedicação à Senhora do Monte, é
de planta retangular e nave única, estando adossada à empena esquerda da
habitação.
A fachada está dividida em dois níveis por uma
cornija e tem dois vãos ao eixo: porta no nível térreo e janela ao nível
superior. As ombreiras da janela prolongam-se até à cornija intermédia onde
assentam por meio de volutas. A fachada é rematada por uma cornija ondulada e
quebrada (encimada por quatro pináculos nas quebras) de onde pendem duas
faixas.
Entre as faixas existe uma
cartela com a inscrição "NSDM / 1819". No interior, sobre a entrada,
existe um coro-alto, sendo o retábulo do altar em madeira pintada, com decorações
douradas.
O acesso à ermida faz-se por três degraus em
cantaria, em semicírculo. O adro, de planta quadrangular, é limitado por um
murete em alvenaria de pedra rebocada e caiada com remate de cantaria.
À direita da habitação situa-se o corpo do
escritório, de planta retangular, com um só piso implantado quase ao nível do
piso superior da habitação por assentar numa plataforma elevada.
O corpo do escritório está unido
à habitação por um alpendre, com escada de acesso própria, aberto para uma
espécie de pátio traseiro.
Por baixo do alpendre existe um
nicho em arco de volta perfeita com uma pia de lavar roupa.
A casa do alambique, no rés-do-chão,
está adossada à empena direita do corpo do escritório.
Todas as edificações são construídas em
alvenaria de pedra rebocada e caiada.
As coberturas das edificações são
de duas águas em telha de meia-cana tradicional rematadas por beiral duplo na
fachada principal (excepto na capela). O corpo do alambique e o alpendre têm
cobertura de uma água.
O jardim da Quinta fica numa plataforma
elevada, onde se situa também o mirante, cujo acesso é efetuado por uma
entrada, com escadaria de pedra de cantaria, situada à direita do portão
principal. O muro que delimita o jardim, do lado da estrada, é em alvenaria (pedra de basalto), com estreitamento no último terço, para ser rematado no topo por telha de canudo tradicional.
No jardim, onde outrora havia um
grande dragoeiro secular, ainda existe uma imponente araucária, e alguns
dragoeiros mais recentes, entre outras espécies arbóreas.
O mirante situa-se numa das
extremidades do jardim (junto à estrada). É uma construção de planta
retangular, com banquetas, construída em alvenaria de pedra rebocada e caiada,
com remates em cantaria.
O acesso à quinta faz-se por um pequeno largo,
contíguo à estrada regional, em forma de meia laranja, daí esta propriedade
também se conhecida popularmente pela “Quinta da meia laranja”. O bonito portal
é encimado por um frontão contracurvado onde se insere uma pedra de armas.
O portal abre para um terreiro de
planta retangular alongada, limitado ao lado direito pelas construções e pelo
muro do jardim e do lado esquerdo por um muro simples, encimando por pedras de
cantaria.
Junto ao portal, à esquerda,
situa-se o corpo das cocheiras, que fica encostado a uma antiga moagem de
cereais.
Ainda nas décadas de 60 e 70 o terreiro
da quinta era usado como espaço de espetáculos, onde eram assistidos os
tradicionais “dramas” e outras representações populares humorísticas,
nomeadamente pela altura das festas da freguesia de Almagreira. As cadeiras
para os espetáculos eram recolhidas das casas dos habitantes da freguesia, por
empréstimo, e transportadas às costas por grupos de dois jovens, enfiadas em
paus.
Os amplos espaços agricultáveis dentro do perímetro da quinta eram preenchidos outrora, por vinhas, pomares dispostos em "combros" (socalcos) até à ribeira e horta.
*Texto de José Andrade
Melo
Fontes consultadas: “Inventário do Património
do Concelho de Vila do Porto” (IAC), “S.Miguel e Sta Maria” (Guido de Monterey) e
Arquivo dos Açores.
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