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16 de abril de 2011

CAGARRO AVE DO ANO -2011


CAGARRO ELEITO AVE DO ANO
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    PRIMEIRO SALVAMENTO DE 2011 EM SANTA MARIA


O Cagarro, ave marinha emblemática dos Açores e alcunha atribuída aos habitantes da ilha de Santa Maria, foi escolhido como a Ave do Ano 2011 em Portugal pelos sócios da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), a mais credenciada e prestigiada entidade nacional de defesa e investigação da avifauna.

Este destaque nacional que a SPEA dá ao cagarro em 2011, ao qual nos associamos, para além do alerta que dá para a sua regressão a nível mundial, e chamada de atenção para o reforço necessário de ações de proteção, expressa um sinal da sua importância nacional em termos de simbolismo e representatividade, atestando também a qualidade e importância fundamental dos ecossistemas marinhos das ilhas para a proteção e salvaguarda da biodiversidade local e mundial.

Esta ave marinha, de nome científico Calonectris diomedea boreealis, também conhecida popularmente, nalgumas ilhas, como Cagarra ou Pardela-de-bico-amarelo, é uma das poucas que nidificam nos três espaços territoriais de Portugal (Continente, Açores e Madeira, sendo afamada pelos seus cantos noturnos muito pecualiares, que tanto abrilhantam e alegram as zonas balneares.

A SPEA, através dos seus projectos e actividades, nos Açores, tem vindo a trabalhar activamente para melhorar os seus habitats e promover a sua conservação, nomeadamente no âmbito do projecto LIFE+, 'Ilhas Santuário para as Aves Marinhas', uma parceria da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar dos Açores, da Câmara Municipal do Corvo e da Royal Society for the Protection of the Birds (RSPB), tendo realizado, desde 2009, uma série de acções destinadas a melhorar o habitat de nidificação desta e de outras espécies de aves marinhas na Ilha do Corvo e no Ilhéu de Vila Franca do Campo, em São Miguel.

O Cagarro é uma ave marinha pelágica, o que significa que apenas vem a terra para nidificar, sobretudo em ilhas e ilhéus. Estas aves, com estatuto Vulnerável, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, e considerada em estado de conservação desfavorável pela UE, tem cerca de 75 por cento da sua população mundial a fazer postura nos Açores, sendo esta a Região mais importante do mundo para a sua reprodução.
De entre as várias ameaças que fazem perigar a conservação desta espécie, destacam-se as seguintes:

- a destruição do habitat de nidificação, através da introdução de plantas e animais exóticos, do crescimento urbano e da rede de estradas litorais;

- a unipostura, ou seja, uma única postura anual só com um ovo;

- a captura e morte de adultos e crias para obtenção de isco, para alimentação ou por puro vandalismo, o que, vergonhosamente, ainda tem vindo a acontecer em Santa Maria, embora em decrescendo;

- a elevada mortalidade, na época do Outono, associada ao atropelamento e colisão de cagarros juvenis em estradas e localidades costeiras, sendo nessa altura (Outubro-Novembro) que decorre formalmente a conhecida e já popular Campanha S.O.S.-Cagarro, iniciada no Arquipélago pela Associação Ecológica Amigos dos Açores em 1993 e em Santa Maria pelo CADEP-CN, em 1994, estimulados pelo seu criador, o saudoso e reputado biólogo Luís Monteiro.

PRIMEIRO SALVAMENTO DO ANO EM SANTA MARIA

Por esta altura (Março-Abril) os cagarros adultos, depois de já adquirida a maturidade sexual, estão a regressar aos seus territórios de reprodução, depois de uma longa viagem pelos mares do Atlântico Sul, sendo já notória a sua presença na nossa ilha.

Depois de um inverno passado em alto mar, em zonas atlânticas com temperaturas mais amenas, regressam agora aos seus locais originais de reprodução.

Tanto nas suas viagens de partida efetuadas no Outono, como nas de regresso que ocorrem por esta altura, os cagarros orientam-se aparentemente pelas estrelas, sendo frequentes as quedas dos inexperientes cagarros juvenis provocadas por encadeamento, acontecendo muito raramente acidentes desta natureza com os cagarros adultos, em virtude da sua maior experiência.

Foi um desses casos muito raros e isolados da queda de um cagarro adulto, na zona de Santo António, que fomos socorrer, no passado dia 12 de Abril, após comunicação da Patrícia, que junto com amigos, cuidadosamante o guardaram até à nossa chegada.

Aproveitamos as páginas do Baluarte para agradecer publicamente e dar os parabéns por este nobre ato cívico e de fina sensibilidade ecológica, servindo de estímulo para continuarem e de exemplo a outros, para a atenção a ter com o cagarro neste ano que lhe é especialmente dedicado, assim como nos vindouros.

Que as ações de cidadania e solidariedade dos marienses para com o cagarro, ave que projeta no seu nome, a ilha de Santa Maria, seja motivo de orgulho e expressão do bom nome da sua população e sirva de mote atitudinal contagiante para com outras espécies selvagens, e promoção do bem-estar dos nossos animais domésticos.

* José Andrade Melo
  Amigos dos Açores
 CADEP-CN de Santa Maria

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