CARTA DA TERRA AO SEU “INQUILINO HOMEM"
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| JOVENS INSCRITOS NO CADEP-CN (2010) Esq.-Direita: Dina, Flávio, Rui, João, Daniela, Jorge e Wilsom. |
No âmbito da comemoração do DIA DA TERRA, que ocorre este mês (22 de Abril), apresentamos abaixo, uma carta muito séria escrita pelo Planeta Terra ao seu inquilino “homem”, que tem sido, ao longo dos anos, o menos cumpridor das regras de sustentabilidade da vida, na “casa” que lhe foi “emprestada” e que também é de todos os seres vivos.
Caro(a) morador(a)
Venho informar-te de que o contrato de empréstimo que fizemos há milhões de anos está a terminar, porque há muitas “cláusulas” que não estas a cumprir. Se quiseres renová-lo teremos de discutir alguns pontos fundamentais:
1 - Tu precisas de poupar energia e de a usar mais racionalmente. A tua conta está muito alta. Como é que gastas tanto e ainda para mais usando fontes não renováveis que eu demoro imenso tempo a repor?
2 – Com a água acontece o mesmo. Como é possível desperdiçares e poluíres tanto a água, os rios, os mares e até as nascentes? Será que julgas que é o único ser vivo que necessita de água?
3 – O “quintal” desta “casa” é enorme, mas sei que uns comem demais e morrem enfartados, enquanto outros morrem à míngua de alimentos. Vamos ter de rever esta situação. Não sabes que no equilíbrio é que está a virtude?
4 – As árvores demoram muitos anos a crescer e, quando te emprestei a “casa”, havia florestas enormes e lindas. O que é que lhes fizeste? Não sabes que elas são importantes, mesmo em termos de clima e de equilíbrio hidrológico? Toca a replantar se não queres ficar, com modificações climáticas e alterações na biosfera, que impossibilitarão a tua sobrevivência e a dos outros inquilinos!
5 – Todos os seres vivos fazem parte do contrato, por isso devem ser preservados. Porém, andei à procura de alguns que havia e já não os encontrei. O que é que tu andas a fazer? Ainda não se apercebeste de que precisas deles e que eles também são meus inquilinos?
6 – Não sei o que se passa com o céu. O azul desapareceu com os fumos que lanças, a camada de ozono foi rompida e passam-se muitas coisas estranhas na atmosfera. É necessário resolver este problema, com urgência!
7 – Cada vez que dou uma volta pela “casa” encontro muito lixo espalhado. É preciso resolver este problema se não queres que ficar soterrado no seu próprio lixo!
8 – Não encontrei os peixes que viviam nos mares, lagos e rios. Será possível que os tenhas pescado todos, sem dares tempo para eles se reproduzirem?
Bem, é altura de pensares seriamente, sobre estas questões. Preciso de saber se tu, ainda, queres morar nesta “casa”. Em caso afirmativo, é preciso que comeces a amar a casa que te empresto e limpá-la da sujidade que lhe fizeste, sob pena de te ter de pôr na “rua”, porque com o teu comportamento, não só estás a colocar em perigo os outros inquilinos, como a sobrevivência das próximas gerações de humanos.
Deixa de ser egoísta e irresponsável!
Ou achas que destruindo as condições de habitabilidade desta “casa”, os teus filhos e netos poderão mudar-se para outra? Essa outra “casa” não existe!
Eu gostaria de te ter sempre como inquilino, mas não consigo aguentar por muito mais tempo, esta forma de ser tratada. Estou a ficar gasta e muito doente, e se não mudares a tua atitude para comigo, não te poderei suportar mais, nem garantir futuramente morada e sustento para teus herdeiros.
Quanto mais me “bates”, menos tenho vindo a gostar de ti, e a continuares nesse proceder, terei de te expulsar um dia.
Neste Dia Mundial Da Terra, exijo respostas concretas e comportamentos ambientalmente acertados, daqui em diante.
José Andrade Melo
CADEP-CN (Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural)
Representante dos Amigos dos Açores, em Santa Maria
Edição no Jornal Correio dos Açores:
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