CIENTISTAS PAGOS PELA INDÚSTRIA DETURPAM ESTUDOS SOBRE OS TRANSGÉNICOS
"A CIÊNCIA É UMA PRÁTICA MUI NOBRE QUANDO BUSCA A VERDADE E TÃO SÓ A VERDADE, FAZENDO ESTUDOS ISENTOS E DESCOBERTAS QUE VIRTUAM O BEM-ESTAR DA HUMANIDADE E DOS SERES VIVOS EM GERAL, PAUTANDO-SE POR ÉTICAS PROCEDIMENTAIS QUE NÃO DESTRUAM PATRIMÓNIO NEM DESRESPEITEM A VIDA. SERÁ DESTITUÍDA DA SUA NOBREZA , DE APRECIAÇÃO PÚBLICA E "CONFIANÇA UNIVERSAL", QUANDO OS SEUS AGENTES, AGEM POR "ENCOMENDA" DE LOBIES FORJANDO RESULTADOS, TROCANDO A VERDADE PELO LUCRO, OU OLHANDO SÓ PELO SEU UMBIGO E BUSCA DE "GLÓRIA" NÃO OLHANDO A MEIOS PARA ATINGIR ESSES FINS, CONTANDO TUDO, DESDE O SACRIFÍCIO E SOFRIMENTO ANIMAL ATÉ A PRÁTICAS DE INSUSTENTABILIDADE AMBIENTAL, INVOCANDO A QUESTIONÁVEL "IMUNIDADE CIENTÍFICA".
Vem este nosso arrazoado a propósito da notícia notícia que apresentamos abaixo sobre os OGM (Organismos Geneticamente Modificados) que os Amigos dos Açores e o CADEP-CN combatem com firmeza, em decorrência das confirmadas consequências ecológicas, atentado à biodiversidade, "morte dos produtos locais e tradicionais" e malefícios para a saúde humana.
"Investigadores da Universidade Católica Portuguesa publicaram um artigo científico* onde se verifica que interesses comerciais influenciaram publicações sobre os riscos para a saúde de alimentos geneticamente modificados.
Está demonstrado que os interesses da indústria têm repetidamente afastado a investigação científica do seu primordial objectivo de difundir conhecimento independente. Houve, no passado, sobretudo em investigações sobre o tabaco, o álcool e os medicamentos, claros indícios de perigos para a saúde pública que foram encobertos, enquanto eram exageradas as vantagens ou inocuidade publicadas em estudos que recebiam dinheiro de multinacionais, ou elaborados por cientistas funcionários dessas multinacionais.
O sector das sementes geneticamente modificadas tem enorme potencial comercial, exigindo investimentos económicos extraordinários. Gualter Baptista, porta-voz da Plataforma Transgénicos Fora, esclarece: "Na procura dos lucros, estas indústrias não se abstiveram de praticar a intimidação, tentando desacreditar cientistas críticos e, simultaneamente, impedir avaliações de riscos independentes." O estudo agora publicado por investigadores portugueses é, pois, muito oportuno, e esclarece ainda uma outra dimensão deste assunto: o facto de os estudos financiados pela indústria ou envolvendo cientistas empregados pela indústria produzirem tendencialmente conclusões favoráveis à comercialização do produto, ao contrário das conclusões a que se chega em estudos não dependentes desse condicionamento financeiro.
O estudo mostra igualmente que mais de metade (52%) dos 94 artigos analisados não indicaram a fonte de financiamento e, mais importante ainda, que nestes artigos pelo menos um dos autores tinha ligações à indústria (73% do total). Por outro lado, em 84% dos artigos em que o financiamento era indicado nenhum dos autores tinha ligações à indústria. Além disso, confirmou-se que nos artigos que não indicaram a fonte de financiamento foi maior a frequência de conclusões favoráveis à indústria. É evidente que os estudos ligados à indústria não têm como objectivo colocar a ciência e a tecnologia acima dos interesses privados.
"Até a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla inglesa) da União Europeia (UE), cuja tarefa é, precisamente, a avaliação independente da segurança dos organismos geneticamente modificados (OGM), inclui membros com ligações à indústria. Felizmente, a EFSA foi publicamente confrontada com os seus casos de conflito de interesses", acrescenta Gualter Baptista.
Assim, no contexto das negociações em curso sobre a reforma da EFSA, é necessário que:
- Seja nomeado um novo Painel para os OGM, com novos membros rastreados quanto à sua independência relativamente aos interesses da indústria;
- A análise dos OGM seja financiada pela indústria mas contratada pela EFSA, sob seu exclusivo controlo;
- Seja realizado uma reavaliação científica de todos os OGM aprovados na UE até à data, com base exclusivamente em genuína investigação independente.
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* Referência do artigo com o estudo:
Diels, J. et al., 2011. Association of financial or professional conflict of interest to research outcomes on health risks or nutritional assessment studies of genetically modified products. Food Policy, 36(2), pp.197-203. Disponível em http://www.stopogm.net/webfm_send/503
A revista Food Policy é a revista científica mais citada na área da economia e política agrícolas.
CONTRA OA OGM - INFORMAÇÃO
A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por doze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CAMPO ABERTO, Associação de Defesa do Ambiente; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente; QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras.
Mais de 10 mil cidadãos portugueses reiteraram já por escrito a sua oposição aos transgénicos.
ASSOCIE-SE A ESTA LUTA!
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