SESSÃO COMEMORATIVA “20 ANOS A SALVAR CAGARROS NOS AÇORES”

RETROSPETIVA CONTOU COM A PRESENÇA DE ELEMENTOS DO CADEP-CN QUE INICIARAM ACAMPANHA EM SANTA MARIA, NO ANO DE 1994
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Numa promoção do Parque Natural de Ilha (PNI), realizou-se no passado dia 4 de Outubro, uma sessão pública denominada “20 anos a salvar cagarros”, previligiando-se o historial retrospectivo e testemunhal do desenvolvimento daquela importante atividade cívico-ambiental, em Santa Maria, por parte de diversos parceiros. 

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A Diretora do PNI, na sua apresentação, relembrou o primeiro ato público de atenção para o salvamento de cagarros nos Açores, ocorrido no dia 3 de Outubro de 1991, no qual a Câmara Municipal do Corvo “aprovou por unanimidadde apagar a iluminação pública dos caminhos (...) de 13 de Outubro a 10 de Novembro para proteger as pardelas de bico amarelo”. Igualmente, foi recordado o Eng.ro Luís Monteiro, o grande persuador daquela iniciativa e impulsionador de outras, no âmbito do projeto “LIFE-Conservação das Comunidades de Aves Marinhas dos Açores”, que deram origem à Campanha SOS-Cagarro. 
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Em Santa Maria, foi o CADEP-CN (Cube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural), que deu o arranque à Campanha SOS-Cagarro, com as primeiras recolhas e salvamentos em 1994, incentivadas pelo próprio Luís Monteiro e com apoio de fundo dos “Amigos dos Açores”, tendo desenvolvido essa atividade sozinho durante quinze anos, até à criação dos Serviços oficiais de ambiente na ilha. 

Mas já em Novembro de 1993, o CADEP-CN tinha participado na Campanha “A Escola e o Cagarro” coordenada pelos Amigos dos Açores, tendo sido aplicado um inquérito, sobre a espécie, destinado a alunos do ensino básico e distribuídos dez mil folhetos informativos sobre a ave.

Foi esta a primeira iniciativa de grande abrangência regional, tendo como principal mentor o Eng. Luís Monteiro,  que deu origem à atual “Campanha “SOS- Cagarro”, iniciada “oficialmente” em 1995.  

Nesta sessão de retrospectivas e experiências, após um testemunho familiar da Dra Rita Câmara, interveio o agente Oliveira do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza) da GNR, sobre a ação fiscalizadora na proteção dos cagarros (aves protegidas por leis nacionais e internacionais), em coordenação com os vigilantes da natureza. 

Representando os Escuteiros do Aeroporto, o Chefe Rui Esteves, falou da sua experiência pessoal em relação à Campanha e do envolvimento entusiástico dos jovens daquele agrupamento nas brigadas noturnas. No final, brindou os presentes com um filme sobre “Ética e moralidade”, cuja mensagem pode ser extrapolada para a ação cívica e responsabilidade humana a ter para com o cagarro e outros animais. 

Do Agrupamento de Escuteiros de Santa Bárbara foram as próprias crianças que apresentaram as suas experiências e contaram pequenas histórias e peripécias das saídas noturnas, que fizeram para resgate dos cagarros. 

No momento mais significativo, marcante e emotivo desta sessão de “revivalismo histórico”, o coordenador do CADEP-CN, apresentou alguns dos, agora, homens e mulheres”, que, em 1994, iniciaram a Campanha SOS-Cagarro em Santa Maria. 

Na apresentação do CADEP-CN foram recordadas várias atividades de sensibilização/informação atinentes à proteção dos cagarros, realizadas nas escolas, para a comunidade e nas praias, tendo-se visualizado materiais e várias fotos dos eventos. 

Numa perspectiva diacrónica, foram apresentados projetos eco-pedagógicos e ações concretas de salvamentos de cagarros, compartimentados nos períodos de 1994-2000, 2001-2005 e 2006-2010, sustentados pela visualização de fotos. Para “testemunho vivo” desses três períodos, o CADEP-CN levou para a sessão adultos, jovens e crianças dessas três gerações, o que foi muito marcante para eles e para o desiderato “histórico” da Campanha SOS-Cagarro, que o evento englobava. 

Do 1º período, estiveram presentes a Andreia Barros, o Bruno Moreira, a Sónia Moreira, a Dina Bairos, a Cristina Bairos e o Valdo Moreira; representaram o 2º período os irmãos José Manuel Corvelo e Bruno Corvelo, o André Melo, o Antero Bairos e o Fernando Moreira, e o 3º período teve a representação do João Freitas, da Mafalda Moniz, do Miguel Araújo e da Mariana Sousa. 
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Veja o vídeo com a apresentação do CADEP-CN aqui.

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O Clube dos Amigos e Defensores do Património dedicou a sua apresentação à memória do “pai” da Campanha SOS-Cagarro – Luís Monteiro --, relembrou o Senhor Pombo através de fotos a trabalhar com eles nesse projeto e, ainda, foram pedidas salvas de palmas para o histórico e credenciado ambientalista Veríssimo Borges, que neste mês passam três anos da morte, e para o Emanuel Figueiredo, um dos jovens mais ativos e entusiastas do CADEP-CN, falecido prematuramente. 

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Seguiu-se um espaço divertido e de grande exemplo cívico-ambiental, com a apresentação de testemunhos e histórias vividas e sentidas por duas famílias, que nos últimos tempos, se envolveram com sensibilidade e responsabilidade, na proteção e salvamento de cagarros. 

A Ivone, representando a já conhecida “família ecológica” Parece, contou a curiosa e emocionante história do cagarro “poupinhas”, para além da experiência familiar nas brigadas noturnas e apresentação de fotos soberbas de cagarros, visualizados individualmente e agrupados em jangadas. 

O simpático casal estrangeiro Christian e Francisca, a residir em Almagreira, apresentou com muita graça as suas experiências do ano passado, nos resgates noturnos de cagarros e nas grandes largadas na Praia Formosa. Um filme que fizeram com a súmula dessas suas vivências, foi muito apreciado no auditório. 

E porque o dia 4 de Outubro era o Dia Internacional dos Animais, o coordenador do CADEP-CN, no final da sua apresentação, enfocou essa importante data, apresentou alguns direitos dos animais e deixou aos presentes a mensagem expressa abaixo, apelando à reflexão e à ação. 

“Seria importante que a excelente “onda positiva” de responsabilidade ecológica e de civilidade mostrada na Campanha  SOS.CAGARRO, não se cingisse só à unidirecionalidade da espécie, impulsionada por uma mediatização temporal (15 Out. – 15 Nov.) mas que fosse extrapolada para a observância e prática atitudinal do bem-estar de todos os animais em geral, durante todo o ano, fazendo crescer uma massa crítica e ações cívicas, que condenem e denunciem os maus-tratos.”

* José Andrade Melo

  Coordenador do CADEP-CN

                                        VÍDEO COM REPORTAGEM FOTOGRÁFICA