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17 de novembro de 2011

CAMPANHA SOS-CAGARRO - 2011 CHEGOU AO FIM

BALANÇO, COMENTÁRIOS, RECORDAÇÕES E MENSAGEM FINAL
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Segundo os dados oficiais da Direção Regional dos Assuntos do Mar, a Campanha “SOS Cagarro”, que decorreu nos Açores entre 1 de Outubro e 15 de Novembro, registou o salvamento de 3.233 cagarros juvenis em todo o arquipélago, tendo-se recolhido também 252 aves mortas e 8 feridas. 
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O número de salvamentos registados por ilhas foram os seguintes:  São Miguel (788), Pico (588), São Jorge (514) e Faial (413), Graciosa (93), Santa Maria (122), Terceira (211), Corvo (228) e Flores (276).
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Um dos salvamentos do CADEP-CN, em 2011
O CADEP-CN e representação de Santa Maria dos Amigos dos Açores, realizaram 11 saídas noturnas tendo resgatado 37 cagarros e recolhido 2 mortos. Na grelha pública de registos disponibilizada pelos Amigos dos Açores, AQUI , foram inscritos 75 registos de salvamentos. -

Podemos adiantar com segurança, que a quantidade de salvamentos efetuados em Santa Maria, e certamente também em outras ilhas, foi superior ao número oficial divulgado, pois, no ano passado e em anos anteriores, volvidos alguns dias após o período da campanha, alguns ex-alunos do CADEP-CN e outras pessoas nos reportaram que tinham salvo cagarros, não tendo esses casos sido alvo de registos.
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Este ano registaram-se menos cerca de 500 salvamentos do que no ano passado, tendo adiantado o Diretor Regional dos Assuntos do Mar que esta diminuição pode ser atribuída a "eventuais dificuldades de alimentação", o que fez com que as crias estivessem menos pesadas, mas também a um "menor empenhamento" na redução da luminosidade e a condições meteorológicas "mais favoráveis". 
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Em Santa Maria essa diminuição também se verificou, tendo-se registado "oficialmente" menos 40 salvamentos do que o ano passado. Se essa diminuição de deveu ao maior empenhamento, verificado este ano na redução da iluminação pública na Praia Formosa, S.Lourenço e Maia, em conjugação com condições climáticas mais favoráveis aos voos de partida, deverá ser motivo de franca satisfação, porquanto o que se visa na essência é o sucesso da saída dos cagarros juvenis diretamente dos ninhos para o mar, e não o quantitativo de resgates efetuados. Mas, a confirmarem-se as ditas "dificuldades de alimentação", ou eventuais insucessos de reprodução, aumento de predações ou outras razões de caris antrópico, aí já nos merece uma profunda preocupação.
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Certo foi, mais uma vez este ano, o grande empenhamento e conjugação de esforços do PNI de Santa Maria e dos vários parceiros nas batidas noturnas aos locais mais propensos à queda de cagarros, para que nenhuma destas aves deixasse de ser socorrida, quando vitima de voo mal sucedido.-
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Recordamos que a Campanha SOS-Cagarro existe, porque no final da época reprodutiva, as crias são abandonadas pelos progenitores para ser impelida a procurar alimento e começar a voar. É nesta fase que, por vezes, os cagarros juvenis, ao saírem dos ninhos, ainda muito inexperientes, são encadeados pelas luzes das povoações ou veículos e caem junto a estradas ou a casas. Como as suas características morfológicas não lhes permitem levantar vôo a partir de terra, se não forem socorridos, ficam condenados a uma morte certa. -
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Os estudos apontam que se nada fosse feito pelos cagarros nos Açores, a população daquela que é a maior pardela a nidificar no hemisfério Norte poderia diminuir em 30% até 2050. Tal cenário releva a importância crucial da Campanha SOS-Cagarro na conservação da espécie, que terá de ser conjugada com o combate à predação dos ninhos por animais (gatos, cães e ratos); reforço da fiscalização ao vandalismo, à captura e ao abate que ainda vão acontecendo, e  medidas de condicionamento e de ordenamento de território, para evitar a perturbação e a pressão antrópica sobre os locais de nidificação.
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Actualmente, existirão nos Açores entre 500.000 a 700.000 cagarros, entre os quais 188.000 casais reprodutores, correspondendo a cerca de 60 a 65% da população mundial da espécie (Calonectris diomedea) e a 75% da população mundial da subespécie (Calonectris diomedea borealis). 
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Embora os números acima possam levar  crer que ainda existe grande abundância de cagarros, a ave está enquadrada no estatuto de conservação desfavorável, dada a sua regressão preocupante a nível mundial nos últimos anos. Sendo os Açores a zona do planeta mais importante para a sua conservação, os açorianos, as associações e entidades públicas têm vindo a  assumir, crescentemente, essa reponsabilidade
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Reportando-nos ao historial da atenção dada nos Açores ao salvamento de cagarros, relembre-se a marcante decisão da Câmara Municipal do Corvo, que em 1991 deliberou apagar a iluminação pública dos caminhos às 00:30 horas entre 13 de Outubro e 10 de Novembro “para proteger as pardelas de bico amarelo”. -
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Um dos salvamentos do CADEP-CN, em 1994
Mais tarde, em Março de 1993, numa iniciativa do Doutor Luís Monteiro, que contou com a colaboração do Governo Regional e o envolvimento fundamental da Associação Ecológica Amigos dos Açores, foram lançadas as campanhas “Um espaço para os garajaus” e “A escola e o cagarro”.  
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Estimulado também pelo Dr. Luís Monteiro e tendo o apoio dos Amigos dos Açores, já em 1994, o CADEP-CN realizou ações de sensibilização/informação em prol da proteção do cagarro e efetuou as primeiras brigadas noturnas em Santa Maria, no lugar de S.Lourenço e zonas de Santa Bárbara que encimam aquela baía. 
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Na sequência destas iniciativas, em 1995 foi então lançada a Campanha “SOS Cagarro”, com essa denominação “oficial”  pelo Doutor Luís Monteiro no âmbito do projecto LIFE “Conservação das comunidades de aves marinhas dos Açores”, perfazendo em 2011, 20 anos, desde a primeira iniciativa pública para salvar cagarros nos Açores de forma organizada.
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Segundo Frederico Cardigos, Diretor Regional dos Assuntos do Mar, na campanha deste ano estiveram envolvidas, no conjunto das nove ilhas, 4.709 pessoas e 169 instituições, o que transforma esta iniciativa numa das maiores ações cívico-ambientais do país em prole da proteção e conservação de uma espécie animal.
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Aproveitando o entusiasmo de entidades, de associações e da população na Campanha SOS-Cagarro, deixamos abaixo a mensagem que apresentámos logo no dia do seu arranque, e vincamo-la agora no seu final, esperançados que contribua para a reflexão e ação preconizada na mesma.
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“Seria importante que a excelente “onda positiva” de responsabilidade ecológica e de civilidade mostrada na Campanha SOS.CAGARRO, não se cingisse só à unidirecionalidade da espécie, impulsionada por uma mediatização temporal (1Out. – 15 Nov.) mas que fosse extrapolada para a observância e prática atitudinal da proteção e do bem-estar de todos os animais em geral (selvagens e domésticos), durante todo o ano, fazendo crescer uma massa crítica e ações cívicas continuadas, que condenem e denunciem os maus-tratos e os abates indevidos”. -
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* José Andrade Melo (CADEP-CN e Amigos dos Açores, Santa Maria)
   Fontes consultadas: GACS e Lusa

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