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5 de fevereiro de 2012

ALUNOS VISITAM A ZONA HÚMIDA E GEOSSÍTIO DO POÇO DA PEDREIRA

A NOTÍCIA E UMA MENSAGEM À SRAM SOBRE A REQUALFICAÇÃO DAS ZONAS HÚMIDAS DE SANTA MARIA  
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Na semana passada, os alunos da Escola de Almagreira que integra elementos inscritos no CADEP-CN, visitaram a famosa zona húmida do Poço da Pedreira, situada no Pico Vermelho, Santa Bárbara, atividade de educação/intepretação ambiental que foi integrada na comemoração do Dia de Amigos. 
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Para além de algumas explicações sobre a génese geológica daquele geossítio, apresentadas pelo coordenador do CADEP-CN, a centralidade do interesse incidiu na zona húmida, nomeadamemte na biodiversidade visível que comporta. Assim, logo à chegada, as crianças deliciaram-se com a observação de uma garça-real, assim como de outras aves residentes como a caixinha, o melro-preto e o milhafre, que pairava sobre o vale da ribeira do Salto, e até um patinho doméstico que nadava na mini-lagoa. Ouviram e visualizaram ainda algumas rãs, libelinhas e avistaram peixinhos de água doce. Aproveitando-se o contexto, ainda foram apresentadas algumas espécies endémicas e/ou primitivas da flora açoriana que, rodeava a zona húmida, como o pau-branco, a urze, o louro, a faia-da-terra e a Pericalis malvifolius, entre outras.  
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Alunos deliciaram-se com o voo da garça
Para além da valorização que se quis dar às zonas húmidas, nesta visita também ligada à comemoração do “Dia dos Amigos”, foi transmitida a mensagem de que, acrescentadamente à amizade para com colegas e outras pessoas do nosso convívio, deverá ser manifestada amizade, proteção, respeito e bom-trato também para com os animais, quer sejam selvagens ou de estimação. 
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Saliente-se que as zonas húmidas são dos ecossistemas mais ricos e produtivos do mundo, em termos de diversidade biológica, possuindo grandes concentrações de aves aquáticas, mamíferos, répteis, anfíbios, peixes e invertebrados, sendo a água o elemento estruturante destes ecossistemas. Estes espaços têm associados muitos valores e funções, tais como o controlo de inundações (retendo o excesso de água), a reposição de águas subterrâneas, a regulação do ciclo da água, a produção de biomassa, a retenção dos sedimentos e nutrientes, a mitigação das alterações climáticas (através da captura de dióxido de carbono da atmosfera e a libertação de oxigénio, com a fotossíntese). Realçam-se igualmente pelos valores culturais, turísticos e recreativos, sendo atualmente muito procuradas para a prática de ecoturismo.
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Concordamos com o Senhor Secretário Regional do Ambiente e do Mar, ao dizer que:
 “ … o turismo da natureza tem um elevado potencial nos Açores e as zonas húmidas constituem hoje zonas privilegiadas para a observação de aves, sendo este um segmento que constitui uma mais-valia para inverter a sazonalidade desta atividade económica.”
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Resíduos na "Charca "Hortas"
O que não concordamos é que, reconhecendo-se essa real mais-valia, ao mesmo tempo se permita o abate de aves migratórias e nativas, que são precisamente o objeto-foco, do “elevado potencial” acima enfocado.
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Ainda adiantou o Governante, no passado dia 2 de fevereiro, que, “ao longo de décadas, estas zonas, por serem marginais, foram transformadas em pastagens, tendo o Governo Regional, desde há algum tempo, adotado como missão, em todas as ilhas, a reconversão e recuperação destes territórios.  -
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Infelizmente em Santa Maria, ainda não vislumbramos quaisquer ações correspondentes à segunda parte da afirmação, mas tão só da primeira, sugerindo à SRAM, que no cumprimento da aludida "missão", proceda à requalificação e limpeza de resíduos na charca da zona das Hortas, no Aeroporto, local onde se pode observar algumas espécies migratórias, como patos e garças, o borrelho de coleira interrompida e algumas aves residentes.
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No mesmo intento, igualmente sugerimos que seja feita a recuperação/reabilitação do famoso “Poço do Jofre” que era uma das mais importantes zonas húmidas para observação de aves - assim o testemunharia o saudoso amigo Adalberto Pombo - , o qual foi, na sua maioria, aterrado para cobertura de resíduos, com "conivência pública consentida".
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O que resta da extensa cortina de água,
que existia no "Poço do Jofre"
Ainda no desiderato importantíssimo de "recuperação e criação de zonas húmidas", registamos com agrado a contemplação no projeto do Campo de Golfe de Santa Maria, da reabilitação das charcas da zona que se encontram assoreadas e eutrofizadas, assim como a criação de dois lagos artificais para rega, o que pela atratividade de aves que originará, potencia a prática do birdwacting associada aquele empreendimento. 
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A conservação, valorização, recuperação e criação adequada das Zonas Húmidas são assim aspetos de grande relevância. Daí que, desde 1997, se celebre o dia mundial das zonas húmidas a 2 de fevereiro, data em que foi assinada a Convenção de Ramsar, no ano de 1971, na cidade iraniana de Ramsar. Este dia foi comemorado pela primeira vez em Portugal em 1998. 
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* José Andrade Melo
   Educador Ambiental e Coordenador do CADEP-CN 

9 comentários:

Joana Cabral disse...

Bonita iniciativa e bom post de defesa das zonas húmidas da ilha, que são importantes ecossistemas que merecem atenção e não só conversa fiada.

Nélia Cunha disse...

Afinal parece que a secretaria do ambiente se esqueceu das zonas húmidas de Santa Maria na sua "missão" :)))
Ainda bem que há alguém que está atento, conhece a terra e mostra a diferença entre o dito e o feito dando sugestões válidas comos sempre.

Solange Oliveira disse...

Que bonita atividade pedagógica desses meninos. É também fora da sala que se aprende muito, com realismo e significado, conhecendo o que o meio envolvente temd e belo e que deve ser amado e conservado.
Prabéns a esses alunos previlgiados!

"Ecologistas Ativos" disse...

Bonita e exemplar artividade de educão ambiental, associada ao são convívio.

Pelo lixo que vemos nas imagens, e nos parecem mesmo baterias que são resíduos perigosos e altamente contaminadores da água, a distãncia enttre o discurso oficial e as ações locais, são evidentes.

Gonçalo Resendes disse...

As zonas húmidas são preciosas e base fundamental da biodiversidade.
Devem ser recuperadas e não soterradas, nem locais de depósito de lixo, como apresenta as fotos.
Quem faz aquilo deve ser penalizado!!!

Rita Silva disse...

Que meninos previligiados! :))

Quanto à conservação e limpeza das zonas húmidas, é a eterna diferença entre a propaganda e a realidade no terreno.

António Manuel Sousa disse...

Bonito trabalho.

Parabésns!

Liliana Peixoto disse...

É de pequenino que se cria o gosto em conhecer e amar o que a natureza tem de mais belo e isso deve iniciar-se pelo meio onde os aluno vivem, para no futuro eles o valorizarem e serem os seu guardiões.

Quanto o mau trato a que sujeitaram a zona húmida que apresenta a foto é lamentável.
Onde estão as autoridades para actuar, já que a educação para quem faz aquilo não chegou lá?

Joana Costa disse...

Muito bom!
Os alunos aprendem masi nas saídas de acmpo dos que fechados nas salas de aula. Ainda bem que há docentes que têm essa fina visão pedagógica de proporcionar o contato dos alunos com o seu meio e tronar as aprendizagema mais reais e significativas.
Parabéns!