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11 de setembro de 2013

FRULHO (PUFFINUS BAROLI) RESGATADO PELO CADEP-CN DE SANTA MARIA

Durante uma atividade de exploração da natureza, neste fim de semana, o CADEP-CN (Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural de Sta Maria), resgatou um Frulho, na Costa Adjacente do ilhéu da Vila, que se encontrava com a asa direita presa na fenda de uma rocha. 

CONHEÇA MELHOR ESTA CURIOSA AVE MARINHA 

O Frulho, também conhecido popularmente por Pintainho, apresenta um comprimento de 28-30 cm e um peso médio de 172 g. A sua coloração é preta com as partes inferiores do corpo e das asas brancas. As pernas são azuladas com manchas pretas no tarso.  

O Frulho era antigamente considerado como uma sub-espécie de Puffinus assimilis. Actualmente, considera-se que o Frulho é uma espécie endémica da Macaronésia, com a subespécie boydi a nidificar nas ilhas do Cabo Verde, enquanto a subespécie baroli nidifica nos Açores, na Madeira e nas Canárias.
 
 Os Frulhos eram outrora muito abundantes no arquipélago.

 O frulho possui um bico escuro (com a mandíbula inferior azulada), longo e fino. As pernas são azuladas, com manchas pretas no tarso. O seu voo é essencialmente batido, sendo poucas as fases de deslizamento perto da superfície do mar.
As colónias açorianas de nidificação desta espécie localizam-se em pequenos ilhéus desabitados, situados em Santa Maria (ilhéu da Vila, 50 casais) e na Graciosa (ilhéus de Baixo e da Praia, 50 casais em cada ilhéu), mas também nas falésias inacessíveis de outras ilhas, com a excepção aparente da ilha Terceira.
A estimativa do tamanho da população açoriana fica entre 895 e 1741 casais reprodutores. O frulho nidifica em todo o arquipélago, excepto na ilha Terceira (contudo a sua ausência desta ilha poderá reflectir um esforço de prospecção insuficiente). As posturas geralmente decorrem no início de Fevereiro e as crias saem do ninho no final de Maio-início de Junho. Os indivíduos ficam ausentes das colónias entre Junho e Setembro. No entanto, a maioria não se afasta das águas açorianas durante este período.
O Frulho não deve ser muito afectado pela pressão humana, uma vez que os seus ninhos são difíceis de localizar e pouco acessíveis. Tal como para as outras aves marinhas, as principais ameaças têm a ver com a presença de mamíferos introduzidos (ratazanas, gatos, furões) e de aves de presa extraviadas nas proximidades dos seus locais de nidificação.
Os Frulhos regressam aos sítios de nidificação a partir dos meados de Agosto. A fêmea põe um ovo único, sem possibilidade de efectuar uma postura de substituição em caso de fracasso. As posturas geralmente decorrem no final de Janeiro e em Fevereiro. A incubação dura cerca de 45 dias enquanto as crias emancipam-se a partir de dois meses de idade. Ambos progenitores participam na incubação e na criação. As crias saem do ninho entre o fim de Maio e o início de Junho.
Um estudo recente (Verónica Neves et al.) mostrou que os cefalópodes e os peixes juvenis Phycis sp. constituem a maior parte da dieta dos Frulhos do ilhéu da Vila-Sta Maria, durante a criação.
Os Frulhos são mergulhadores eficientes, podendo chegar regularmente aos 15 metros de profundidade.
 Os resultados das análises de trajectos obtidos com geolocalizadores mostram que os adultos parecem permanecer na zona dos Açores durante o ano todo. Contudo, as colónias de nidificação são abandonadas entre Junho e meados de Agosto.

* José Melo
 Coordenador do CADEP-CN
 Fontes consultadas: SIARAM-Joel Bried (Biólogo) e “Aves dos Açores” 

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