"AS TOURADAS SÃO PRÁTICAS BÁRBARAS, CRUÉIS E DEGRADANTES QUE DEVEM ENVERGONHAR A MORAL E A CULTURA DOS POVOS QUE A PRATICAM"
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Pelo Aviso de 7 de Julho de 1809 do
Príncipe Regente D. João, eram proibidas as touradas no Reino “pelos seus
notórios inconvenientes, como sofrimento aos animais e perigos para as
pessoas”, facto comunicado ao Intendente Geral da Polícia, Lucas Seabra da
Silva.
Logo após a publicação do Aviso é indeferido um pedido de licença
para uma tourada com a seguinte alegação do Intendente:
“As corridas de
touros sempre foram consideradas como um divertimento impróprio de uma humana
Nação civilizada. Espectáculos desta natureza, “para além da tortura dos
bichos”, são quase sempre acompanhados de desastres, ou no lugar do mesmo
espectáculo ou na condução de animais: e estas cenas de sangue somente são
capazes de inspirar ao povo grosseiro inclinação aos assassinios”
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Enquanto o loby tauromáquico se salvaguardar na falácia da tradição
para justificar uma barbárie, não conseguiremos ter um diálogo moralmente
honesto, em que um ser humano consciente pára para pensar na lógica de torturar selvaticamente outro ser vivo, infligindo-lhe dores e agonias atrozes, para gáudio de uns quantos (felizmente cada vez menos) desprovidos de sensibilidade e inteligência emocional.
Felizmente, que na minha ilha de Sta Maria essa tortura não acontece com a intensidade da violência perpetrada nalgumas ilhas do Grupo Central, mas envergonho-me de pertencer a uma região e a um povo que comporta em si praticantes de tais actos injustificáveis, sejam por motivos económicos, turísticos ou
culturais.
O que é sobejamente sabido e provado é que os turistas de qualidade (ecoturistas), aqueles que verdadeiramente interessam e mais aportam aos Açores, não aprecia
esta selvajaria, já havendo exemplos de os terem afugentado.
Como
pode um povo civilizado concordar com isto?!
Como pode uma região que se apregoa e se quer afirmar como ecológica, defensora dos animais e da natureza comportar esta bárbara incongruência?
Um dia daremos o salto civilizacional de abolir esta barbárie. Já estivemos mais longe e já muitos o
perceberam.
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