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5 de março de 2014

ARTISTA LAMENTA “ADORMECIMENTO” DA OLARIA NA TERRA DA SUA ORIGEM

ARTISTA PLÁSTICO-OLEIRO DO BRASIL PROCURA ORIGENS DA CERÂMICA NOS AÇORES
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      Olarias antigas de Santa Maria
 "incompreensivelmente desprezadas"

No seu projeto de estudo, Lourival Medeiros, artista plástico e oleiro tinha expectativa e objetivo de descobrir novas técnicas e conhecer melhor a cerâmica do arquipélago, mas deparou-se com uma atividade quase inexistente, mesmo na sua terra de origem (Santa Maria) o que lamentou profundamente. Outra das suas estranhezas foi o estado de abandono dos marcos históricos que patenteiam essa indústria que foi, extremamente importante para a ilha.

“Quero ter contacto com a argila de Santa Maria, que abastecia toda a região. Os oleiros açorianos usam agora argila que vem de Espanha, o que é uma pena porque a argila de Santa Maria é de altíssima qualidade e não está a ser valorizada”, frisou.”

Lourival Medeiros, descendente de açorianos, está a estudar a origem da olaria no arquipélago dos Açores, num projeto que pretende culminar com o lançamento de um livro sobre o assunto.

“Pretendo saber como é que ela veio para os Açores. Até agora, consegui saber que vieram oleiros do continente, da região do Alentejo, de S. Pedro do Corval, onde pretendo ir para tentar saber melhor de onde vem a cerâmica açoriana”, afirmou o oleiro em declarações à Lusa.

Lourival Medeiros, que vive em Santa Catarina, no Brasil, mas descende de açorianos da ilha Terceira, assumiu que pretende utilizar todos os conhecimentos que adquirir neste projeto para editar um livro que será “um registo da cerâmica dos Açores”.

No seu projeto de estudo, este artista plástico e oleiro tinha a expetativa e objetivo de descobrir novas técnicas e conhecer melhor a cerâmica do arquipélago, mas deparou-se com uma atividade quase inexistente, mesmo na sua terra de origem (Santa Maria), o que lamentou profundamente. “É com muita estranheza que vemos o estado de abandono dos marcos físicos ligados à olaria na ilha”. Tal fato, sobejamente alertado e denunciado pelo CADEP-CN é deveras lamentável para a memória coletiva mariense e afirmação da nossa identidade histórico-cultural, o que em nosso entender reflete a insensibilidade (e até desrespeito) das entidades locais e regionais, ao longo dos anos por um património ancestral da ilha, e que lhe foi um dos mais importantes suportes económicos do passado.
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Fornos de loiça/telha urgem de recuperação 
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Perante a constatação do “adormecimento” da olaria nos Açores, acabou por alargar o seu projeto inicial, sentindo que seria útil partilhar os seus conhecimentos. “Fiz a reformulação do projeto e aproveitei para passar o meu conhecimento para as pessoas da região”, informando também que já tinha realizado seis sessões de formação na Olaria Museu de Vila Franca do Campo, em S. Miguel.

Relativamente ao projeto de pesquisa das origens da olaria açoriana, Lourival Medeiros começou por S. Miguel, onde encontrou João da Rita, um dos últimos oleiros genuínos em atividade no arquipélago, seguindo-se a visita à Terceira, Pico e naturalmente, Santa Maria.

Para o artista-oleiro brasileiro, é importante que se faça uma “aposta na formação dos jovens”, de forma a que se possa dar continuidade a “uma arte tão magnífica”, sublinhando que Santa Maria possui “argila de qualidade”.

Um dos pontos altos da sua visita foi a deslocação a Santa Maria, o “berço da olaria nos Açores”, tendo entrado em contato com a argila da ilha, que abastecia toda a região. Depois de a analisar expressou que “Os oleiros açorianos usam agora argila que vem de Espanha, o que é uma pena porque a argila de Santa Maria é de altíssima qualidade e não está a ser valorizada”, frisou.
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                                                     Olaria: - "Não basta recordar, é preciso revitalizar!"


A fase seguinte deste projeto inclui uma deslocação a Lisboa para analisar os dados disponíveis em arquivos universitários na área da antropologia.

Esperemos que a visita deste credenciado artista e especialista em olaria, reforce os nossos apelos de sacudir a consciência e responsabilidades oficiais para a valorização/revitalização daquela atividade histórica de Santa Maria e dos Açores, através da formação consequente e recuperação de património associado (olaria tradicional, fornos de loiça e de telha), nomeadamente para atração/fruição turística e perpetuação de nossa memória coletiva.

Os recentes cursos de olaria, promovidos recentemente pela Secretaria da Economia, em Almagreira, tendo como monitor o oleiro Germano Braga, constituem um bom pronúncio, mas, para ser consequente, necessita de um espaço condigno de laboração, a assumir pelas entidades públicas, que passará pela recuperação/montagem de uma oficina tradicional.
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                                              Curso de olaria em Almagreira: - Um bom pronúncio ?".


É sabido que o cunho utilitário dos objetos da antiga olaria mariense (talhão, cabouca, salga, bilha, alguidar, púcara, pote... já se dissiparam, com o surgimento de novos materiais, mas a sua produção em miniatura para decoração, com o acrescento da recriação de outros elementos, se constituem de elevado interesse turístico, pela veiculação das nossas raízes e do “rosto” da ilha. A criação de um “Roteiro do Barro”, associado à visitação em circuito que vá deste os locais da extração da argila (barreiros), passando pelo património associado à sua preparação e laboração (fornos de telha/loiça), e culminação numa oficina tradicional (observação de instrumentos,  processos e experimentação) e aquisição de produtos, deverá ser uma  oferta turística “obrigatória” de Santa Maria.

* José Andrade Melo
   CADEP-CN
  (Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural) de Sta Maria

 Notas de consulta: Lusa

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