DEFENDE O COORDENADOR DO CADEP-CN
EM ENTREVISTA À AGÊNCIA LUSA
EM ENTREVISTA À AGÊNCIA LUSA
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A ave mais pequena da Europa, a
estrelinha de Santa Maria, nos Açores, corre o risco de extinção devido ao seu
confinamento territorial e à degradação do seu habitat, encontrando-se na lista
dos 13 vertebrados mais ameaçados do país.
Contatado pela Agência Lusa,
referiu José Melo (Coordenador do Clube de Amigos Defensores do Património de
Santa Maria, que “é o próprio Instituto Nacional de Conservação da Natureza e
da Biodiversidade (INCNB), que plasma a estrelinha de Santa Maria [ou
estrelinha de poupa] com o estatuto de criticamente perigo de extinção”.
A estrelinha de Santa Maria, que
se alimenta de insetos, vermes e aranhas, possui apenas oito a nove centímetros
de comprimento e 12 a
14 de envergadura, é considerada importante no controlo biológico de algumas
espécies e muito procurada no âmbito da atividade de ‘birdwatching’ (observação
de aves).
José Andrade Melo explicou que a
estrelinha de Santa Maria sofreu uma “regressão significativa” do seu efetivo
nas duas últimas décadas, à semelhança do que aconteceu com o priôlo, devido à
perturbação do seu habitat natural, o que certamente também teve consequência
na redução dos alimentos e sucesso da nidificação.
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A estrelinha de Santa Maria, que
possui o nome científico de ‘regulus regulus sanctae-mariae’, segundo o INCNB e
o portal da biodiversidade dos Açores, é endémica da ilha (exclusiva), o que
confirma José Melo, adiantando que por ter essa particularidade é tida como o
“Ex-líbris ornitológico de Santa Maria, devendo ser promovida como atratividade
especial nas atividades de Percursos Pedestres e do Birdwacting”, o que já vem
sendo feito, através de um projeto de pedestrianismo a que está ligado e nas atividades do Parque natural da ilha.”
Defende também o conhecido ecologista que a Estrelinha de Santa Maria, pela
exclusividade que detém, deverá ser valorizada como “imagem de marca do
património natural da ilha”, tanto pelos serviço de ambiente como nos circuitos
turísticos.
Informa também José Melo que a
ave pode ser avistada em zonas dispersas na ilha, concentrando-se mais na zona
do Pico Alto e no Barreiro da Faneca. Prefere os espaços com arbustos que
contenham espécies da laurissilva (floresta húmida subtropical apenas existente
na Macaronésia) para pernoitar e nidificar.
“O facto de a ave estar confinada
a um espaço tão diminuto em termos territoriais, como é a ilha de Santa Maria,
por si só já é merecedora do estatuto especial de conservação e da obrigação
política e científica de criação de um projeto integrado e profundo de salvaguarda,
que englobe estudos mais abrangentes, estratégias e plano de ação”, defendeu
José Andrade Melo, frisando que “assim o exige o Princípio da Precaução”.
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Há dois anos, o Clube de Amigos
Defensores do Património de Santa Maria e a representação local da associação
ecologista Amigos dos Açores, com o apoio de várias entidades, ONGAS e centenas
de cidadãos propuseram ao Governo Regional que a estrelinha de Santa Maria
fosse designada "a ave de 2012", visando alertar para a sua existência
e perigo de extinção.
A proposta foi feita ao então
secretário regional do Ambiente, a quem sublinharam a necessidade de realizar
um plano de salvaguarda da estrelinha, através de uma equipa multidisciplinar.
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Segundo José Andrade Melo, “houve
aceitação governamental” da proposta de conservação da espécie, mas “até hoje,
para além da promessa, o que houve foi apenas um estudo de inventariação do seu
habitat preferencial”, por parte de um dedicado jovem mariense, faltando uma “maior
envolvência, transversalidade e profundidade de estudos de especialistas de
ornitologia, botânica e entomologia”, áreas, que, segundo afirma, “estão
ligadas à Estrelinha, em termos taxonómicos, de habitat e alimentares.”
“Em termos de quantitativo do
efetivo populacional, ainda falta um apuramento mais claro e rigoroso, tendo-se
plantado, entretanto, uma pequena mancha de árvores preferenciais da
estrelinha, na zona do Pico Alto, com vegetação endémica, o que é
manifestamente insuficiente”, face às exigências do plano integrado e
continuado, que se defende”, considerou o ambientalista.
José Andrade Melo defendeu, para
a Estrelinha endémica de Santa Maria, além de um estudo que quantifique o seu
real efetivo populacional, uma elencagem das suas reais ameaças, a definição de
estratégias e um plano de ação, à semelhança do que foi desenvolvido para o
priôlo, ave endémica da ilha de São Miguel, frisando a salvaguarda das devidas
especificidades.
Terminou, dizendo que “tem o
sonho de ver no terreno especialistas a fazer os estudos e a desenvolver o
plano de ação, do projeto que defende para a Estrelinha, à semelhança do que
está a ser feito em S.Miguel, e também para outras aves nas ilhas do grupo
Ocidental, associando-se a conservação da biodiversidade à criação de postos de
trabalho.”
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo
ortográfico aplicado pela agência Lusa
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28/10/2014
Fonte: Agência Lusa/NaturmarienseOutros jornais que fazem referência à notícia:
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http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/ave-mais-pequena-da-europa-vive-nos-acores-e-corre-risco-de-extincao
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