AVE COM ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO “VULNERÁVEL”
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O Frulho salvo hoje (3 de junho), no
lugar dos Anjos, pelo CADEP-CN foi resgatado ontem, ao final do dia, em Vila do
Porto, após uma queda, certamente por desorientação.
Não foi observada
na avezinha nenhuma lesão no sistema alado, tendo a mesma, depois de alguma
hesitação, levantado voo em direção ao mar, fazendo-se assim mais um resgate
com sucesso.
Devido ao
declínio que sofreu nas últimas décadas, esta espécie é considerada vulnerável,
estando inscrita no Livro Vermelho dos vertebrados de Portugal. (Ver AQUI)
A sua população mundial totaliza menos de 10000
casais reprodutores.
A estimativa do
tamanho da população açoriana fica à volta dos 500-100 casais reprodutores.
CONHEÇA O FRULHO
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Nome popular:
Frulho e Pintainho
Nome científico: Puffinus
baroli baroli (Bonaparte 1857)
É uma ave endémica da Macaronésia
O frulho é uma pequena ave marinha apresentando um comprimento de 28-30 cm e um peso médio de 172 g o que é ligeiramente
inferior à de um garajau. A cor da plumagem é preta nas partes superiores e
branca nas partes inferiores. O frulho possui um bico escuro (com a mandíbula
inferior azulada), longo e fino. As pernas são azuladas, com manchas pretas no
tarso. O seu voo é essencialmente batido, sendo poucas as fases de deslizamento
perto da superfície do mar.
Estas aves são silenciosas no mar, mas muito barulhentas quando chegam a
terra, principalmente enquanto juvenis. Normalmente não seguem embarcações.
O seu voo é caracterizado por frequentes batimentos de asas.
Esta subespécie só nidifica nos Açores, Desertas, Selvagens e Canárias e
apresenta um comportamento sedentário comparativamente aos outros
procelariformes, não efectuando migrações de longas distâncias.
O frulho nidifica em todo o arquipélago, excepto na ilha Terceira (contudo
a sua ausência desta ilha poderá reflectir um esforço de prospecção
insuficiente). As posturas geralmente decorrem no início de Fevereiro e as
crias saem do ninho no final de Maio-início de Junho. Os indivíduos ficam
ausentes das colónias entre Junho e Setembro. No entanto, a maioria não se
afasta das águas açorianas durante este período.
A introdução de mamíferos pelos
Portugueses a partir do século XV e a exploração das aves para alimentação e
extracção de óleo resultaram na diminuição drástica da população açoriana. As
colónias açorianas de nidificação desta espécie localizam-se em pequenos ilhéus
desabitados, situados em Santa Maria (ilhéu da Vila, 50 casais) e na Graciosa
(ilhéus de Baixo e da Praia, 50 casais em cada ilhéu), mas também nas falésias
inacessíveis das ilhas principais, com a excepção aparente da ilha Terceira. Os
ninhos artificiais colocados no ilhéu da Praia (Graciosa) permitiram a
nidificação de alguns casais em ninhos artificiais. Puffinus assimilis era
considerado “escasso” na Europa. A revisão da taxonomia deverá resultar numa
revisão do estatuto de conservação de Puffinus baroli também.
O Frulho não deve ser muito
afectado pela pressão humana, uma vez que os seus ninhos são difíceis de
localizar e pouco acessíveis. Tal como para as outras aves marinhas, as
principais ameaças têm a ver com a presença de mamíferos introduzidos
(ratazanas, gatos, furões) e de aves de presa extraviadas nas proximidades dos
seus locais de nidificação.
Um estudo recente (Verónica Neves et al. em preparação)
mostrou que os cefalópodes e os peixes juvenis Phycis sp. constituem a maior
parte da dieta dos Frulhos do ilhéu da Vila durante a criação. Os Frulhos são
mergulhadores eficientes, podendo chegar regularmente aos 15 metros de
profundidade.
Os resultados das
análises de trajectos obtidos com geolocalizadores mostram que os adultos
parecem permanecer na zona dos Açores durante o ano todo. Contudo, as colónias
de nidificação são abandonadas entre Junho e meados de Agosto.
* José Melo
CADEP-CN de Sta
Maria
Fonte consultadas: "Aves dos Açores" e Joël
Bried – Biólogo
Universidade dos
Açores – Departamento de Oceanografia e Pescas e “Aves dos Açores”
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