OS FORNOS E A EXPLORAÇÃO DA CAL
NA ILHA DE ANTA MARIA
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-As figuras centrais e extremas do "cabouqueiro" e do "caiador"
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Os FORNOS DE CAL de Santa Maria são marcos físicos e patrimoniais de uma
atividade multi-secular, mas que veio a
diminuir de importância partir dos
finais da década de 60, inicio de 70, em consequência da chegada de cal à ilha,
vinda do Continente, a preços razoáveis
e, posteriormente, com o aparecimento de outras soluções de tinturaria (pintura),
mais duradouras e resistentes às intempéries, como a tinta plástica ou de água.
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Gruta da cal do Figueiral |
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O calcário de Sta Maria, único nos Açores, resulta de formações
sedimentares, resultando em rochas carbonatadas biocalcareníticas, incorporando
milhões de fósseis marinhos que ascendem a cinco milhões de anos.
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Manuel Leandres Bairos |
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Depois de extraído o calcário, este era transportado às costas dos
trabalhadores, nos seirões dos burros ou carros de bois (quando os caminhos já
o permitiam), até aos FORNOS DE CAL. Ai, durante três dias e três noites
ininterruptamente as pedras de calcário eram sujeitas a “cozimento”, com
temperaturas a rondar os mil graus centígrados. Como havia muito consumo de
combustível (madeira), os Fornos foram construídos sempre perto de matas, sendo
essa a prioridade, ficando mesmo alguns deles muito afastados do local da
extração da pedra.
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- Porto da Vila (Muito degradado),
- Figueiral, Almagreira (Necessita de urgente recuperação);
- Touril, Almagreira (Precisa de recuperação);
- Fonte do Mourato, Almagreira (Precisa de remover a adulteração);
- Graça, Almagreira (Em estado razoável, mas precisa de limpeza
envolvente);
- Monteiro, Almagreira (Necessita de urgente recuperação),
- Farroupo, Almagreira (Necessita de urgente recuperação).
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José Anselmo |
Os Fornos de Cal apresentam alguma semelhança com os fornos de Loiça e
telha, mais antigos (ver o Forno de Loiça na R. dos Oleiros), mas nunca foram
usados para o cozimento de peças de cerâmica, pois a estrutura interna dos
segundos é bem diferente e específica
para a função, assim como a compleição externa de alguns mais recentes, que já
apresentam formas cúbicas e chaminés.
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Depois do “cozimento” das pedras de calcário, alguma
da cal era peneirada, para quem a preferia comprar em pó e outra era vendida
mesmo em pedra, que depois de “derregada” em água servia para caiar de alvo as
belas casas rurais marienses. Nessa última tarefa técnica de aplicação da cal
entrava em funções a figura do “CAIADOR”, utilizando como “pincéis” o
bracéu-da-rocha (Festuca Petraea), em três tamanhos diferentes: pequeno para os
beirais, médio para as vistas das casas e grande para o corpo ds habitação. O
caiador mais duradouro e popular que conheci foi o Senhor José Anselmo, homem
simpático, profundo conhecedor do seu ofício e bom contador de histórias, que
trabalhava mais na parte Ocidental da ilha. Ele não tinha mãos a medir,
principalmente nos dois, três meses antes da data as festas das paróquias,
porque todos gostavam de apresentar as suas casinhas caiadinhas de branco, à
passagem das procissões.
- José Andrade Melo
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