Está a caminhar para a sua fase final a grande obra de Proteção e Requalificação Urbana de S.Lourenço, que vai, sem dúvida mudar a feição do litoral daquela retumbância paisagística dos Açores. Reconhecendo as suas grandes virtudes, permanecem, no entanto, algumas das nossas "interrogações/preocupações ambientais", colocadas tempestivamente.
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Muro de suporte revestido a pedra basáltica Fotos de 4 de Agosto-facultadas pela SRAM |
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Não obstante o reconhecimento pela pertinência, urgência e grandeza desta obra, algumas questões de foro preventivo, que atempadamente colocámos, ainda nos merecem alguma preocupação, nomeadamente o seu impacto nos areais.
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-Como deverá ser apanágio, nas grandes obras em áreas pasisagístico-ambientais e patrimoniais de excelência, no antes, impõe que se tenha em conta estudos de impacte, assentes no “Princípio da Prevenção” de situações que não belisquem aqueles valores e , no durante, fazer-se um acompanhamento avaliativo de situações de caráter operacional/funcional e de segurança, não vislumbráveis à partida, ou surgidas pela dimâmica da obra, no sentido de minimizá-las/resolvê-las, ainda na decorrência da intervenção.
Como o “Príncipio da remediação” é sempre mais doloroso, mais caro e, por vezes, incapaz de reverter os grandes males, no âmbito da responsabilidade cívica da nossa ONGA, preliminarmente, alertamos oral e documentalmente a SRAM, para o imperativo dos estudos de impacto ambiental e voltámos a agir sobre situações constatáveis na decorrência da obra, fatos que tornam vãs, descabidas e injustas , as várias críticas feitas sobre o nosso “silêncio” sobre a obra de S.Lourenço, fazendo-se conotações e afirmações maldosas de conivência política.
A salvaguarda das praias a nossa grande preocupação Foto José Melo- Verão de 2006 |
Se por honestidade, nunca nos renegamos a fazer o justo enaltecimento das virtudes desta grande obra, também guiados pelo mesmo princípio, pela insenção e pelo ideário estatutário da nossa Associação, nunca nos abstivemos de, colaborativamente, alertar a quem de direito, para o perigo de algumas perdas ambientais que poderiam ocorrer, se não fossem tomadas em conta as realidades físicas e as dinâmicas do mar, naquele espaço, valizadas por estudos especializados.
O que nos recusamos a fazer é alinhar no bota-a-baixo e no mal-dizer, sem nada reconhecer nem valorizar, repugnando a “manipulação” dqueles que pretendem usar a “boleia” da nossa acção cívica, para fins menos próprios, criticando-nos por falta de isenção, só porque não carrilamos pela mesma bitola.
Como comprovativo e lembrete da nossa acção cívica isenta e pro-ativa em prole da salvaguarda dos grandes valores pasisagístico-ambientais e patrimoniais de S.Lourenço (o que já contece há mais de 20 anos) pode ser lido Aqui o extrato do Memorando sobre Questões Ambientais de Santa Maria, que apresentámos ao Senhor Secretário Regional do Ambiente e do Mar, antes da obra começar, e Aqui um texto que publicámos na Comunicação Social em 2009.
E porque trabalhamos de forma pública e transparente em prole o património cultural e natural de Santa Maria, Abaixo, apresentamos também o texto com o teor da mensagem remetida ao Senhor Diretor Regional dos Assuntos do Mar, no início do Verão, que prontamente deu a melhor atenção, através do escrito-resposta que resumidamente, pode ser lido no seguimento.
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Caro Senhor Diretor Regional dos Assuntos do Mar
Dr. Frederico Cardigos
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Sobre a obra em epígrafe, nas qualidades de coordenador do CADEP-CN e representante dos Amigos dos Açores, em Santa Maria , sequenciando intervenções públicas orais, escrevemos no memorando, entregue à SRAM, em Abril de 2009 e, posteriormente no Baluarte de Setembro do mesmo ano, os textos em anexo, escritos esses, cujos enaltecimentos à obra e preocupações veiculadas mantemos atualmente.
Ultimamente, no âmbito das nossas funções cívicas, várias pessoas nos abordaram sobre algumas inquietações/descontentamentos atinentes a questões funcionais da aludida obra e “perdas” advenientes, nomeadamente:
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1 – Redução do espaço das praias e risco da perda do volume de areias (situação que colocámos à SRAM, antes do início da obra);
2 - Estreitamento/estrangulamento de uma zona de estrada, relativamente à situação anterior;
3 – Impedimento de visibilidade alargada sobre o mar e Ilhéu do Romeiro, que alguns particulares conseguiam a partir das suas moradias, devido ao alteamento de um muro;
4 – Fecho de dois acessos ao litoral mais ou menos a meio da baía, impedindo a fruição do litoral para pesca e banhos nos “caneiros” existentes.
Porque as reclamações que nos chegaram e os contatos a solicitar a nossa interceção foram já muitos, e nas últimas semanas, dentro da nossa acção cívica temos ido várias vezes a S.Lourenço nos inteirar do andamento da obra, permitimo-nos agora fazer algumas apreciações sobre os pontos apresentados, tendo a noção das realidades, face ao que já não poderá ser revertido e o que, ainda, poderá ser alterado, evidentemente tendo em conta a prevalência dos interesses públicos sobre os privados.
Ponto 1 – Mantemos as aprensões que apontámos e alertámos tempestivamente, mais não esperando nesta altura (porque não é possível) do que aguardar pelo desfecho e comportamentos das praias nos próximos anos, e cumprimento das ações corretores que se justificarem, face às ocorrências, conforme assumido pela SRAM;
Ponto 2 – Constatámos realmente um estreitamento da estrada, relativamente à situação anterior, o que poderia ser evitado, com uma menor largura da via pedonal.
Face ao adiantado da obra e aos elevados custos de uma intervenção corretora, tendo em conta os custos/benefícios públicos, não nos parece fazer sentido encetar alterações, em virtude do local não ser propenso à circulação regular de veículos pesados e as viaturas ligeiras, com momentos curtos de espera de um dos lados, superam a situação sem incovenientes de monta. Considerámos, no entanto, que o dono da obra deverá subsidiar os particulares, nas intervenções necessárias para obviar constrangimentos na saída e entrada de viaturas nas suas propriedades.
Sobre este ponto, reforçámos, ainda que S.Lourenço é um local de circulação que apela e obriga à baixa velocidade tanto neste espaço, como em toda a marginal;
Ponto 3 – Realmente os reclamentes, ficaram com menos visibilidade sobre mar e o ilheú, a partir dos balcões das suas moradias, mas a subida do muro no local justificada pelo desiderato primordial da segurança, atendeu ao interesse coletivo prevalecente.
Ponto 4 – Concordamos plenamente com os reclamantes, em virtude do estreito conhecimento que temos da, já antiga, vivência, fruição e viva ligação de proximidade que os moradores daquela zona central de S.Lourenço tinham com o litoral, descendo frequentemente às rochas e ao “caneiro” para pescarem, se banharem ou mesmo acompanharem as crianças para na observação de animais e plantas nas poças de maré.
Na realidade, constatámos que entre a zona da piscina e o restaurante “Ilhéu”, não existiam acessos previstos ao litoral, tendo-se encerrado com a obra as duas ligações anteriormente existentes.
Neste caso concreto, porque não se trata de uma alteração morosa nem onerosa, solicitámos a V.Exa, o máximo empenho no sentido de ser contemplada uma ligação ao litoral, junto ao “caneiro” e, idealmente, outra mais adiante nas imediações do Chafariz dos Junqueiros, acedendo a uma pretensão de vários moradores e fruidores de S.Lourenço, havendo também ganhos coletivos e de fruição ambiental evidentes.
Na certeza da melhor atenção, enviamos
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Os melhores cumprimentos
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José Melo
CADEP-CN e AA, Sta Maria
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Caro Prof. José de Melo,
Na sequência da vossa mensagem, que agradecemos, aproveitamos a resposta que remetemos abaixo, para efectuar o seguinte preâmbulo e que nos parece importante.
A obra de protecção e requalificação costeira da Baía de São Lourenço é um investimento de mais de cinco milhões de euros e que tem como objectivo essencial melhorar a segurança naquele magnífico espaço da Ilha de Santa Maria. Aproveitando esta intervenção, foram incluídas na acção diversas obras de requalificação do espaço. É evidente que, vivêssemos num mundo perfeito, todos os aspectos e interesses, incluindo os concorrentes e os contraditórios seriam abrangidos pela obra. No entanto, na realidade, há intenções que podem e devem ser incluídas e há outras, por condicionantes físicas, financeiras, legais, estratégicas ou de segurança que não podem ser concatenadas.
Relembro, que esta obra, por proposta dos nossos técnicos, dos deputados de ilha e de diversos privados, já foi alvo de diversas alterações, incluindo a requalificação da foz da Ribeira dos Folgados. Isto comprova que é intenção do Governo, tanto quanto possível, responder às legítimas ambições de todos habitantes de Santa Maria, mas, ao mesmo tempo, não podemos condicionar a intervenção a interesses privados de poucos, que colocariam em causa esta e outras intervenções.
Especificamente, em relação aos pontos que refere:
1. Apesar de entender as legítimas preocupações do CADEP e dos AA, não há razão para que se percam áreas de praia com esta obra. A intervenção efectuada não tem repercussões no leito marinho nem foram daí retirados inertes, pelo que a presença ou ausência de areias resultará de fenómenos naturais, cuja variação e imprevisibilidade são bem conhecidos de todos.
2. Houve de facto, um pequeno estrangulamento de algumas, poucas, zonas costeiras. Este estrangulamento não impede a circulação automóvel ou diminui a segurança. Para minimizar constrangimentos e aumentar a segurança dos moradores deverão ser colocadas rampas de redução de velocidade e a Secretaria disponibiliza-se para apoiar alguma adaptação que seja necessária fazer na garagem que ficou com acesso dificultado. (...)
3. O alteamento e alargamento do muro é uma inerência ao aumento de segurança. (...) este acréscimo de altura é o resultado de uma gestão que, apesar de também não nos agradar do ponto de vista estético, aumenta consideravelmente a segurança de quem por ali passear.
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Abertura do acesso ao mar, na zona central de S.Lourenço comprometido no Ponto-4 |
4. (...) Estamos a estudar do ponto de vista técnico e financeiro a hipótese solicitada de deixar, no muro que ainda se encontra em construção, um acesso simples ao mar.
Estou certo que a generalidade das pessoas entenderá que o resultado desta intervenção, mesmo com algumas perdas privadas que merecem a nossa compreensão e solidariedade, é muitíssimo positivo e que valorizará indubitavelmente a ilha de Santa Maria.
Por último, reitero que apenas com a participação abnegada, interessada e cooperativa, como a vossa mensagem bem demonstra, poderemos fazer mais e melhor. Por esse facto, fico profundamente grato pelas observações, propostas e comentários efectuados. Tanto quanto possível, tentaremos delas dar o melhor eco.
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Enviando os melhores cumprimentos,
Frederico Cardigos
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-Como nota final, expressamos a nossa quase total concordância com as respostas do Senhor Diretor Regional dos Assuntos do Mar, deixando-nos muitas reservas a resposta dada à nossa Questão 1, sobre as praias, porquanto, nas questões semelhantes que colocámos no âmbito do POOC-SMA relativamente à redução e oscilação dos areais da Praia Formosa, respondeu afirmativamente o grande especialista em dinâmica costeira Dr. Veloso Gomes, o seguinte:
“A construção de obras longitudinais aderentes e dos parques avançados sobre as praias, não favorece a configuração de baía tão necessária à estabilidade dos areais. A construção da marginal contribuiu para a redução ou mesmo desaparecimento das praias, como já se tem verificado alguns anos”.
* José Andrade Melo
CADEP-CN e Amigos dos Açores, Sta Maria
2 comentários:
Obrigado á NATURMARIENSE, por me ter enviado, o que acima li.Concordo com os comentários feitos e concordo também(de certo modo), com a resposta da SRAM.
A parte que mais me preocupa, é a praia da Merência, cuja proteção, teve de ser feita no meio da praia. É evidente que não teremos mais praia. Foi-me dada uma satisfação, para o facto. Eu entendo que aquela era uma das piores zonas,(só quando chegaram lá é que se aperceberam)pondo em risco a estrada e até algumas casas.Ora, se se tivessem debruçado antes do projecto, já conheceriam a situação, tomando medidas adequadas, para melhor proteger a zona em destaque. Isso, claro, era uma despesa maior, mas ficaria mais seguro e nós com mais uma praia, se tivessem dado prioridade ao serviço a lá fazer, semelhante ao que foi feito na praia dos Folgados.Isto é, recuar a muralha e levantá-la á zona da estrada. Lamento que tal não tenha acontecido, mas tendo conhecimento o Sr SRAM, em tempo, possa fazer o que não se fez agora.
Com os melhores cumprimentos
Belmira Torres
Olá Dona Belmira
Antes de mais muito obrigado pela sua atenção ao nossos post.
Apreciei o seu comentário pela transparência e honestidade das suas palavras, que por coincidência aventam um posição que bate, na generalidade, com o que pensamos.
Mesmo que transmitissem algum contraditório, como alguns e-mail´s que recebemos sobre o alteamento de um muro, seria bem-vindo, desde que apresentado de "rosto aberto", o que infelizmente não tem sempre acontecido.
Pretendemos que o NATURMARIENSE, seja um espaço democrático onde o comentário concordante e o contraditório, tenham o mesmo acolhimento, atenção e validade, desde que apresentados com lisura, porque só assim a discussão do temas, as ideias e as opiniões poderão ser enriquecedoras e produtivas.
Adianto que, no global, as dezenas de mensagens recebidas, vão no sentido da apreciação e consensualização com a ação cívica de interesse público encetada pelos Amigos dos Açores e CADEP-CN, à exceção de alguns casos particulares, que não se acharam suficentemente defendidos, o que, aliás, nem nos competiria fazer.
Quanto ao "caneiro e espaço litoral adjacente", a defesa da acessabilidade mais direta, como existia no passado, que pugnámos fortemente junto da SRAM, vai muito para além de servir interesses só de alguns, porque a natureza da sua fruição também é pública.
Nunca deixe de comentar os nossos post´s, pois a sua contribuição será sempre bem acolhida.
Beijinho com consideração
José Melo
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