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26 de janeiro de 2012

II FORÚM TAURINO DA TERCEIRA: “ELES JUNTAM-SE EM DESESPERO DE CAUSA”

"Há quem considere que a tourada seja cultura, há quem a encare como tradição. Mas é apenas o que o homem tem de pior ." *
*David Andrade

Felizmente que a barbárie das touradas estão em franco decrescendo a nível mundial, tendo já alguns países, estados brasileiros, municípios portugueses e até na Espanha – país das touradas – já uma região decretou o fim das touradas, avolumando-se, ano, após ano os movimentos de contestação a esta cruel prática, que envergonha a espécie humana. 

Na decorrência do crescendo dos movimentos anti-taurinos a nível internacional, seu agigantamento também em Portugal e cada vez mais ativismo nos Açores, os "lobbys" taurinos, juntam-se em “desespero de causa” na Terceira, no intuito de delinearem estratégias conjuntas na tentativa de travarem mais reveses como o da Catalunha. 
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No final de Julho, o parlamento da Catalunha aprovou a proibição das corridas de touros naquela região de Espanha a partir de 1 de Janeiro de 2012, dando provimento a um requerimento assinado por 180 mil cidadãos.  

Infelizmente, em Portugal, não obstante a maioria dos portugueses não apreciar touradas, o parlamentar nacional, recentemente, rejeitou por maioria uma iniciativa semelhante à da Catalunha, com receio de contrariar o, ainda, forte "lobby" que gira à volta das touradas, travando esse salto civilizacional que impera processar-se no nosso país. 

Para justificar a continuidade de uma “arte” na qual os animais são torturados para entretenimento de alguns humanos, alguns responsáveis políticos, ainda evocam as touradas como “manifestação cultural” e respondem aos movimentos em defesa dos animais com o argumento de que é “preciso respeitar a tradição”. 

 No entanto, apesar de um poderoso "lobby" amparar a causa em Portugal, os números revelam um acentuado decréscimo da actividade no nosso país: em 2011 realizaram-se pouco mais de 230 touradas, a maioria delas nos distritos de Lisboa e Setúbal. A culpa, segundo os apoiantes das lides, é da “crise económica” e do “mau tempo”. Desculpas à parte, a verdade é que as últimas sondagens realizadas em Portugal mostram que apenas 10 a 15 por cento dos portugueses apoiam as touradas. E em Espanha não é diferente: 81,7 por cento dos jovens entre os 15 e os 24 anos revelaram não ter qualquer interesse na “manifestação cultural”. Para contornar o desinteresse na “arte”, os promotores têm abdicado de parte dos lucros baixando significativamente os preços dos bilhetes. Para o negócio (no fundo, é apenas disso que se trata), é fundamental manter a aparência de que ainda há “aficionados” e, com isso, continuar a financiar a cultura da morte. 

 Por cá, nos Açores, como se sabe a tourada, é uma prática epicentrica da Terceira, já com alguma manifestação na Graciosa e S.Jorge, mas em reação/defesa ao ativismo crescente na Região, os "lobbys" taurinos daquela paragem tem vindo a adotar a estratégia de promovê-la e tentar expandi-la a outras ilhas, ao mesmo tempo que “vendem” o abusador e ofensivo pregão de que se trata de uma “manifestação cultural  dos Açores”. 

Não é aceitável que responsáveis do II Fórum Taurino que está a decorrer na Terceira, afirmem publicamente que o evento é fundamental para a promoção turística da Região e que pretende afirmar os Açores na tauromaquia mundial. A contradição e o abuso dessas afirmações, está: (i) na utilização do nome “Açores”, a um grupo de "lobbys" económicos e de uma minoria de aficionados adstritos a uma determinada parcela da Região, prejudicando assim os Açores no seu todo; (i) no facto da prática taurina não ser um chamariz de visitantes aos Açores, contribuindo até para o estancamento da vinda dos turistas mais críticos e mais sensibilizados com o bem-estar animal do norte da Europa; (iii)  não constitui  uma prática de impulso económico anunciado, porque só se realiza à custa de dinheiros públicos, como é o exemplo do dito Fórum; (iv) contraria a imagem ecológica dos Açores e de proteção da natureza e dos animais que é promovida e tida dos Açores lá fora. 

Enfim, o estancamento das touradas sangrentas, tal como aconteceu na Catalunha, para além do desiderato primeiro de respeito pela vida e dignidade dos animais, beneficiaria aos Açores em toda a linha, nomeadamente na sua promoção como destino ecoturístico de qualidade, isento de maus-tratos aos animais, não obstruindo a vinda daqueles ecoturistas, dos países onde o GRA tem tido fortes e prioritários investimentos promocionais, cujo destino das suas viagens é determinado pela valorização das suas verdadeiras riquezas e rejeição das suas “fraquezas”. 

Reportando-nos, ainda, ao debate que se levantou na Catalunha, Jesús Mosterín, professor de Filosofia na Universidade de Barcelona, comparou o castigo infligido aos touros com a mutilação genital feminina praticada em alguns países de África e da Ásia. A sua lógica era: se a tourada deve preservar-se por respeito à tradição, também deveríamos aceitar a prática da excisão feminina e do apedrejamento de mulheres. Afinal, em ambos os casos, os defensores dessas práticas justificam-se com o argumento de que essas são tradições seculares. 

Seculares também são os exemplos execráveis acima referidos e outros mais, não sendo aceitável à luz da civilidade hodierna fazer conexão entre cultura e tortura. 

TORTURA NÃO PODE SER TRADIÇAO, NEM ARTE NEM CULTURA!
 
Post com consulta de informação no artigo de David Andrade
In Público,  25/01/2012   

7 comentários:

Paula disse...

Sou uma defensora fiel contra qualquer tipo de maus tratos aos animais, a tourada é algo repugnante, e não há meias palavras, não podemos admitir nenhuma modalidade de tourada, é sempre um ato cruel de diversão em prol do sofrimento do animais. Não permitamos que a cúpula dos aficcionados pelo universo negro taurino faça dos Açores um palco de perversões.
Paula Melo

José Andrade Melo disse...

Parabéns pelo excelente comentário, cujo teor deverá fazer caminho, diria mesmo "doutrina" nos Açores, se se quiser afirmar, sem hipocrisias políticas, a Região como um destino verdadeiramente ecológico, respeitador do bem-estar animal.
Urrge dar esse salto civilizacional nos Açores, a bem do bom nome do "Povo Açooriano" e de uma promoção do nosso arquipélago, alicerçado nos seus, REAIS, nobres valores.

Joana Costa disse...

Excelente artigo!!!
Revejo-me inteiramente nele.
Parabéns pela denúncia e luta contra essa vergonha de massacrar animais para diversão humana.

LAMENTÁVEL!!!

Victor Correia disse...

Ainda faltam muitas lutas para vencer esta guerra de acabar com o flagelo das touradas, mas são com estas importantes batalhas e artigos assim bons que as pessoas ficam esclarecidas e mais ensibilizadas para lutar contra essa vergonha.

Sandra Pacheco disse...

Excelente artigo. Ainda bem que as sangrentas e vergonhosas touradas estão a ser cada vez mais combatidas. Essa é uma das razões que me fazem sefguir o Naturmariense com todo o interesse e ter o mau apoio.
Só pelas imagens, ninguém de bom caratrer deveria ir às touradas.

Catarina Braga disse...

Quem se diverte fazendo o que as imagem mostra aos animais, envergonha a espécie humana, e o que mais me indigna é as entidades públicas a darem dinheiro nosso para patrocinatem essas reles torturas.
Ainda bem que a luta contra essa vergonha está a crescer.

Tânia Maria Ferreira disse...

Concordo totalmente.
Vergonha, vergonha, vergonha!!!

Vamos acabar com essa nódoa sangrenta dos Açores!