“CAMINHADA DA AUTONOMIA” COM 53 PEDESTRIANISTAS
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No Passado dia 20 de maio “Segunda-feira do Espírito
Santo e Dia da Autonomia”, decorreu a 7ª Atividade do Projeto “Pedestrianismo e
Ambiente de mãos dadas” promovido pelo NPA-Gonçalo Velho, CADEP-CN e Amigos dos
Açores Sta Maria, com a participação de 53 simpáticos(as) e interessados (as)
pedestrianistas, que ao longo do percurso de interpretação do
património-cultural e natural, mostraram sempre vivo interesse pelas
explicações, disciplina exemplar, e uma
boa disposição contagiante, considerando-os , por isso, “pedestrianistas de primeira”, que dá gosto acompanhar e estímulo
para continuar.
À semelhança das anteriores, esta atividade foi
inserida na Campanha Bandeira Azul da Europa para as zonas balneares de Sta
Maria.
O Dia da
Autonomia, que denominou a caminhada foi enfocado, antes do início do
percurso, assim como feita uma resenha histórica da tradição dos Impérios, que
também são destacados no mesmo dia, tendo o grupo terminado a actividade com a
degustação de umas saborosas sopas do Espírito Santo, no lugar de Sto António.
O percurso de interpretação cultural e ambiental escolhido foi o PR-3: Santa Bárbara – Sol Nasente “Entre a Serra e o Mar”,
criado pelo CADEP-CN, no ano de 2001, no âmbito do Projeto “Itinerários
Ambientais”, recordando-se que no ano precedente (2000) concebeu o PP “Vila do
Porto – Figueiral-Prainha- Praia Formosa” e no subsequente (2003) o PP “Sto
Espírito – Lapa – Maia”.
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Nesta “Caminhada
da Autonomia”, demos uma nova versão ao PR3-SMA, fazendo-se modificações
interessantes, em relação à sua versão homologada.
As
centralidades (pontos de interesse) dadas ao percurso foram as seguintes:
- Centro da freguesia de Sta Bárbara (Casas típicas,
Igreja, Impérios…), Moinhos de Vento do Arrebentão, Geossítio do Poço da
Pedreira, Chafariz do Barreiro, Casa Rural Mariense, Panorâmica da Colina Norte
de S.Lourenço, Costa da Ponta dos Matos, Mata da Estação LORAN, Lugar do Norte,
Meandos e Cascata da Ribeira do Amaro, Lagos e Colina panorâmica sobre Sta
Bárbara. A flora endémica, avifauna e vários aspectos geológicos e
geomorfológicos também foram enfocados e
explicados ao longo do percurso.
Características/informações
do PR3-SMA homologado:
Tipo de percurso “circular” (Começa e acaba no mesmo
ponto); Distância de 9,5 Km ;
Grau de dificuldade médio (planura predominante, alguns declives suaves e 2
declives mais acentuados e Duração aproximada de 3h 30m.
Abaixo,
apresenta-se a descrição sumária da freguesia de Santa Bárbara e das suas
riquezas paisagístico-ambientais,
destacando-se os elementos do património natural e cultural constantes do
percurso.
O percurso pedestre foi traçado pelo CADEP-CN na parte
Oriental da Ilha -Freguesia de Santa Bárbara -, no âmbito do Projeto “Itinerários Ambientais”, tendo
como título/slogan: “CONHECER PARA AMAR E PRESERVAR”.
Santa Bárbara, por se situar na parte mais a Nascente
de Santa Maria e de todo o Arquipélago, também é conhecida por Freguesia do “Sol Nascente”, onde
primeiro nasce o Sol (cerca de 20 minutos mais cedo do que nas Flores: – ponto
mais Ocidental).
Situada num pitoresco vale, fronteira a Norte e Este
com o mar, a Sul com a freguesia de Santo Espírito e o resto com S.Pedro: -- um
verdadeiro recanto de quietude e riqueza paisagístico/ambiental, entre “a serra
e o mar”.
A localidade é marcadamente rural, imperando o
bucolismo, onde o salpicado da casa típica mariense bordada de “azul-anil” nas suas “vistas”, lhe dá um rosto de “presépio” e a marca de um povoamento
disperso, sem paralelo na Região.
As suas mais retumbantes panorâmicas são, sem dúvida,
a singular baía de S.Lourenço e a vista geral do seu povoado, onde a vegetação,
o mitigado de montes e vales, que caracterizam o seu relevo, a casa rural mariense,
alguns chafarizes antigos e moinhos de vento (necessitando de recuperação) são
pontos fulcrais.
Este percurso pedestre de traçado circular, é muito
rico e variado, relevando-se ao longo do
seu itinerário e particularmente nos seus 9
postos de paragem (centros de interesse), aspectos do património edificado, costumes e tradições, aspectos
geomorfológicos, aspectos florísticos e faunísticos de maior interesse, para
além da contemplação de singulares paisagens.
O percurso pedestre, com cerca de 9,5 km e grau de dificuldade
médio, tem começo, no centro do povoado, junto da sua Igreja Paroquial, de
invocação a Santa Bárbara, construída no início do séc. XVI. (Posto 1)
Sobe-se a Canada dos Atoleiros, fazendo-se a primeira
paragem junto das ruínas de dois moinhos de vento, no lugar do Arrebentão: --
marcos do passado de grande utilidade social, e que dão um cunho especial à
paisagem. (Posto 2)
Um pouco mais adiante, será contemplado o geossítio do
“Poço da Pedreira”, que para além de uma interessante retenção de água,
apresenta uma alta pedreira de rocha vulcânica vermelho-acastanhada, com
bastante interesse geomorfológico. Ainda deste local, se poderá desfrutar da
paisagem de um bonito e verdejante vale. (Posto
3)
Entra-se de seguida na estrada da Terra Velha, que
desembocará junto de um chafariz antigo, abastecido por uma nascente, de onde
se fornecia a população do Barreiro.(Posto
4)
Mesmo ao lado, pode-se começar a aguçar o apetite sobre a Baía de S.Lourenço, observando-se uma vista parcial, do lado Sul, salientando-se o seu ilhéu, famoso pela existência de uma gruta com estalactites.
Percorre-se mais uns quatrocentos metros e chega-se ao
topo de uma colina, que nos oferece à vista “ Uma das maiores retumbância
paisagísticas dos Açores”, no dizer do monografista Guido de Monterey.
De um miradouro do lado oposto (Espigão), disse Mário Soares: “É uma
paisagem singular em todo o mundo...leva-nos ao deslumbramento, conduz-nos à
contemplação”. (Posto 5)
Saindo deste miradouro espectacular, direcciona-se a
caminhada para o posto seguinte: -- Ermida de Nossa Senhora do Lurdes, no Norte
da Ilha.
O adro desta ermida constitui miradouro sobre umas das
paisagens rurais mais belas da Ilha, mitigada de terra e de mar, onde a
dispersão da casa típica mariense e o bonito Ilhéu das Lagoínhas, são presença
marcante. (Posto 6)
Na descida para o Posto 7 são proporcionados alguns
aspectos de interesse geomorfológico, decorrentes de depósitos de aluvião e
sedimentos. Ainda, na mesma descida, é obrigatória a paragem num miradouro para
visualizar um profundo vale, onde a Ribeira do Amaro faz uma queda em cascata,
com cerca de 60 metros ,
serpenteando, de seguida, em interessantes meandros, até chegar ao mar. (Posto 7)
Continuando o percurso, passamos por um caminho húmido
ladeado por vegetação endémica e primitiva dos Açores, atravessa-se uma ribeira
e entramos no vale de Lagos, denominação advinda dessa presença de água. Aqui a
casa rural mariense é de novo evidenciada, podendo observar-se também uma
antiga escola da tipologia “Plano dos Centenários”. (Posto 8)
Depois da travessia dos Lagos, entra-se no lugar do
Covão da Mula, podendo-se observar várias espécies vegetais e algumas aves, até
se fazer mais uma paragem para se visualizar e fotografar a bonita panorâmica
do centro de Santa Bárbara, no lugar da Boavista. (Posto 9)
Volvidos mais ou menos duzentos metros, os
pedestrianstas chegaram ao local da partida, cansados sem dúvida, mas
certamente deliciados e imbuídos da plena essência do título e slogan
deste percurso pedestre, aquando da sua conceção: -- “CONHECER, PARA AMAR E
PRESERVAR”.
Os objetivos base do Projeto, que são a promoção da
saúde e o são convívio, aliados à Interpretação do Património-Cultural e Natural de Sta Maria, foram plenamente
conseguidos com este excelente grupo de pedestrianistas, que muito apreciaram o
itinerário e as nuances de traçado que lhe demos.
Os nossos agradecimentos a todos os participantes pelo
interesse; á Junta de Freguesia de Sta Bárbara pela limpeza de uma parte do
trilho; à empresa “Mantamaria”, pela disponibilidade de apoio nos transportes,
aos ajudantes do “Jantar do Espírito Santo dos Lavradores”, pela simpatia e bom
servir das “sopas” aos elementos do grupo.
Resta-nos mostar um vivo e justo enaltecimento ao
Márcio Costa do Gonçalo Velho, pela competência na logística, e aos dois grupos
de jovens do CADEP-CN, que, nos dois dias anteriores, fizeram a “batida” de terreno
e melhoria de alguns troços, facultando a sua transitabilidade sem “picadelas”
nem “lameiros” de maior.
* José Andrade Melo
Coordenador do NPA-Gonçalo Velho
e do CADEP-CN
Representante dos Amigos dos
Açores em Sta Maria
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