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21 de abril de 2014

MAUS TRATOS DE ANIMAIS E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

A violência doméstica, muitas vezes, é motivada através do abuso ou maltratos em animais
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Um estudo realizado por DeViney, Dickert & Lockwood (1983) confirmou que 88% das famílias em que ocorreu abuso físico contra crianças têm antecedentes de violência com animais. Uma pesquisa mais recente, em 2004, também salientou que entre 45% a 60% dos lares onde a violência doméstica é presente, o risco relativamente a abusos administrados em crianças é maior.  

Violentar um animal é indicador de um lar caótico que pode espelhar a falta de segurança dos elementos mais frágeis, e precisamente por essa razão deve ser documentado como um caso de violência doméstica. Por sua vez, é necessário aprender a reconhecer e denunciar todas as formas desta violência. 

Para além disso, também é um problema a transmissão de valores errados, seja de pai para filho ou no próprio ambiente escolar: torturar animais à frente de uma criança ou dar a entender que maltratar animais não é errado influenciará negativamente a conduta da mesma.  
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Uma criança desinformada poderá tornar-se num adulto problemático. Tais valores erradamente incutidos podem ser visualizados facilmente nos dias de hoje, como a defesa da tauromaquia, a utilização de animais em circos, rodeios, garraiadas, etc.  

Um grupo de investigação de uma universidade espanhola realizou um estudo sobre os efeitos que assistir a uma tourada produz em crianças. O estudo efectuou-se com duzentas e quarenta crianças de vários grupos socioeconómicos, repartidos em cento e vinte rapazes e cento e vinte raparigas, com idades compreendidas entre os oito e os dez anos. Foi-lhes apresentado vídeos tauromáquicos com três narrações distintas: uma apresentava o conteúdo como uma “festa nacional”; outra relatava-a como violenta e a terceira era imparcial e neutra.  

60% das crianças referiu a morte do touro como o que menos gostaram das touradas. A nível emocional e cognitivo, 52% sentiu mágoa na visualização do evento: mais de metade considerou errado o que estava a ser feito ao animal e um quarto classificou o evento como um exemplo claro de maltrato animal.  

As crianças que visionaram o vídeo com a narrativa a favor do evento obtiveram a pontuação mais elevada na escala de agressão e de ansiedade, em comparação aos que viram o vídeo com a narrativa oposta. O vídeo com a narração violenta desencadeou um impacto emocional mais negativo, concluindo que a mensagem passada produz consequências na agressividade e na ansiedade.  

Assistir episódios violentos tem um impacto mais profundo nas crianças do que nos adultos, sendo que as raparigas conseguem discernir melhor a realidade da ficção enquanto os rapazes tendem mais a analisar a possibilidade de acontecer o que estão a ver. Quanto mais as cenas agressivas são justificadas, mais a tolerância das crianças face a comportamentos violentos vai crescendo, aumentando o seu nível de aceitação relativamente a essas atitudes agressivas.  

Da tolerância para a prática o fio é muito ténue, como os inúmeros casos que vitimaram várias pessoas, cuja matança de animais é uma constante nos perfis dos indivíduos que matam. Eis alguns casos:  

• 21 de Março de 1998, Springfield: Kip Kinkel, de quinze anos, abriu fogo sobre os alunos que estavam no bar da escola. Amigos e familiares relataram que Kinkel tem uma história de abusos e de tortura em animais.  

• 9 de Abril de 1998, West Dallas: Dois irmãos com sete e oito anos de idade foram, juntamente com um amigo de onze anos, presos por sequestro, espancamento e agressão sexual a uma menina de três anos. Os dois irmãos já tinham estado envolvidos em violência contra animais.  

• 1 de Outubro de 1997, Pearl: Luke Woodham, com dezasseis anos, esfaqueou a sua mãe até à morte. Após o assassinato da sua progenitora, foi para a escola que frequentava onde disparou à esmo, matando dois alunos e ferindo sete. No seu diário descrevera a forma como matou o seu próprio cão:  

No sábado da semana passada cometi o meu primeiro assassinato. Após espancar brutalmente o Sparkle, nós pulverizámos fluído pela sua garganta abaixo. O seu pescoço foi tomado pelo fogo por dentro e por fora. Foi uma verdadeira beleza.  

Serial-killers que ficaram famosos por crimes surrealmente hediondos costumavam massacrar e matar animais.  

Jeffrey Dahmer (1960 – 1994), que assassinou e canibalizou dezassete homens, dissecava e matava animais quando ainda era jovem. Também tinha o costume de empalá-los. Os seus crimes ganharam notoriedade quando o inventário realizado no seu apartamento foi levado a público: desde fotografias das vítimas, já mortas, em poses sexuais às cabeças encontradas no frigorífico, a polícia também contabilizou cadáveres em vasilhas cheias de ácido e um altar repleto de velas e de crânios dentro do armário.  

Edmund Kemper (1948) foi condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional por ter cometido dez assassinatos, incluindo o da própria mãe. Também matou os avós. O inspirador do personagem Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes torturava e matava animais enquanto não estava a simular relações sexuais com as bonecas da sua irmã.  

É, para alguns, o serial-killer mais bizarro e insano: Richard Chase (1950 – 1980) matou seis pessoas no período de um mês em Sacramento, na Califórnia. A alcunha “O Vampiro de Sacramento” deveu-se por este beber o sangue das vítimas. Também comia-as parcialmente.  

Aos dez anos já apresentava sinais claros da Síndrome de Macdonald*. Nas horas de solidão, capturava, desmembrava e matava animais, os quais ele devorava crus ou misturava-os com Coca-Cola num liquidificador: depois, bebia a mistura como se fosse um batido.  

* A Síndrome de MacDonald é uma tríade comportamental precursora da sociopatia. Os seus sinais podem ser descodificados a partir da infância: enurese (incapacidade de controlar a bexiga), piromania e zoosadismo.  

Por fim, o hábito de matar animais já demonstrou a evolução negativa no comportamento de indivíduos cujas profissões estão ligadas precisamente ao abate. Várias investigações feitas pela PETA mostraram atitudes, no mínimo, perturbadoras: trabalhadores a violentarem sexualmente animais, inserindo os dedos na cloaca de uma perua ou colocando instrumentos na vagina de uma porca. Todos estes molestamentos são acompanhados com outras agressões físicas e comentários irados dos trabalhadores. A violência sexual ocorre em várias indústrias de criação intensiva, pelo que não deve ser levada como um mero caso isolado. É claro como água o poder que a violência tem num ambiente igualmente violento: é capaz de manipular a mente humana, tornando a pessoa ainda mais agressiva do que já era.   

Abater animais acaba por não bastar; a necessidade de maltratá-los impera. É o que sucede-se dentro das quatro paredes de cimento de imensas pecuárias.  

Sempre que tiver conhecimento de qualquer tipo de violência com animais, por favor, não hesite em contactar a SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente), a Sociedade Protectora dos Animais ou a ANIMAL. 

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