A violência doméstica, muitas
vezes, é motivada através do abuso ou maltratos em animais
-
Um estudo realizado
por DeViney, Dickert & Lockwood (1983) confirmou que 88% das famílias em
que ocorreu abuso físico contra crianças têm antecedentes de violência com
animais. Uma pesquisa mais recente, em 2004, também salientou que entre 45% a
60% dos lares onde a violência doméstica é presente, o risco relativamente a
abusos administrados em crianças é maior.
Violentar um animal é indicador
de um lar caótico que pode espelhar a falta de segurança dos elementos mais
frágeis, e precisamente por essa razão deve ser documentado como um caso de
violência doméstica. Por sua vez, é necessário aprender a reconhecer e
denunciar todas as formas desta violência.
Para além disso, também é um
problema a transmissão de valores errados, seja de pai para filho ou no próprio
ambiente escolar: torturar animais à frente de uma criança ou dar a entender
que maltratar animais não é errado influenciará negativamente a conduta da
mesma.
-
-
Uma criança desinformada poderá
tornar-se num adulto problemático. Tais valores erradamente incutidos podem ser
visualizados facilmente nos dias de hoje, como a defesa da tauromaquia, a
utilização de animais em circos, rodeios, garraiadas, etc.
Um grupo de investigação de uma
universidade espanhola realizou um estudo sobre os efeitos que assistir a uma
tourada produz em crianças. O estudo efectuou-se com duzentas e quarenta
crianças de vários grupos socioeconómicos, repartidos em cento e vinte rapazes
e cento e vinte raparigas, com idades compreendidas entre os oito e os dez
anos. Foi-lhes apresentado vídeos tauromáquicos com três narrações distintas:
uma apresentava o conteúdo como uma “festa nacional”; outra relatava-a como
violenta e a terceira era imparcial e neutra.
60% das crianças referiu a morte
do touro como o que menos gostaram das touradas. A nível emocional e cognitivo,
52% sentiu mágoa na visualização do evento: mais de metade considerou errado o
que estava a ser feito ao animal e um quarto classificou o evento como um
exemplo claro de maltrato animal.
As crianças que visionaram o
vídeo com a narrativa a favor do evento obtiveram a pontuação mais elevada na
escala de agressão e de ansiedade, em comparação aos que viram o vídeo com a
narrativa oposta. O vídeo com a narração violenta desencadeou um impacto
emocional mais negativo, concluindo que a mensagem passada produz consequências
na agressividade e na ansiedade.
Assistir episódios violentos tem
um impacto mais profundo nas crianças do que nos adultos, sendo que as
raparigas conseguem discernir melhor a realidade da ficção enquanto os rapazes
tendem mais a analisar a possibilidade de acontecer o que estão a ver. Quanto
mais as cenas agressivas são justificadas, mais a tolerância das crianças face
a comportamentos violentos vai crescendo, aumentando o seu nível de aceitação
relativamente a essas atitudes agressivas.
Da tolerância para a prática o
fio é muito ténue, como os inúmeros casos que vitimaram várias pessoas, cuja
matança de animais é uma constante nos perfis dos indivíduos que matam. Eis
alguns casos:
• 21 de Março de 1998,
Springfield: Kip Kinkel, de quinze anos, abriu fogo sobre os alunos que estavam
no bar da escola. Amigos e familiares relataram que Kinkel tem uma história de
abusos e de tortura em animais.
• 9 de Abril de 1998, West
Dallas: Dois irmãos com sete e oito anos de idade foram, juntamente com um
amigo de onze anos, presos por sequestro, espancamento e agressão sexual a uma
menina de três anos. Os dois irmãos já tinham estado envolvidos em violência
contra animais.
• 1 de Outubro de 1997, Pearl:
Luke Woodham, com dezasseis anos, esfaqueou a sua mãe até à morte. Após o
assassinato da sua progenitora, foi para a escola que frequentava onde disparou
à esmo, matando dois alunos e ferindo sete. No seu diário descrevera a forma
como matou o seu próprio cão:
No sábado da semana passada
cometi o meu primeiro assassinato. Após espancar brutalmente o Sparkle, nós
pulverizámos fluído pela sua garganta abaixo. O seu pescoço foi tomado pelo
fogo por dentro e por fora. Foi uma verdadeira beleza.
Serial-killers que ficaram
famosos por crimes surrealmente hediondos costumavam massacrar e matar animais.
Jeffrey Dahmer (1960 – 1994), que
assassinou e canibalizou dezassete homens, dissecava e matava animais quando
ainda era jovem. Também tinha o costume de empalá-los. Os seus crimes ganharam
notoriedade quando o inventário realizado no seu apartamento foi levado a
público: desde fotografias das vítimas, já mortas, em poses sexuais às cabeças
encontradas no frigorífico, a polícia também contabilizou cadáveres em vasilhas
cheias de ácido e um altar repleto de velas e de crânios dentro do armário.
Edmund Kemper (1948) foi
condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional por ter
cometido dez assassinatos, incluindo o da própria mãe. Também matou os avós. O
inspirador do personagem Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes torturava
e matava animais enquanto não estava a simular relações sexuais com as bonecas
da sua irmã.
É, para alguns, o serial-killer
mais bizarro e insano: Richard Chase (1950 – 1980) matou seis pessoas no
período de um mês em Sacramento, na Califórnia. A alcunha “O Vampiro de
Sacramento” deveu-se por este beber o sangue das vítimas. Também comia-as parcialmente.
Aos dez anos já apresentava
sinais claros da Síndrome de Macdonald*. Nas horas de solidão, capturava,
desmembrava e matava animais, os quais ele devorava crus ou misturava-os com
Coca-Cola num liquidificador: depois, bebia a mistura como se fosse um batido.
* A Síndrome de MacDonald é uma
tríade comportamental precursora da sociopatia. Os seus sinais podem ser
descodificados a partir da infância: enurese (incapacidade de controlar a
bexiga), piromania e zoosadismo.
Por fim, o hábito de matar
animais já demonstrou a evolução negativa no comportamento de indivíduos cujas
profissões estão ligadas precisamente ao abate. Várias investigações feitas
pela PETA mostraram atitudes, no mínimo, perturbadoras: trabalhadores a
violentarem sexualmente animais, inserindo os dedos na cloaca de uma perua ou
colocando instrumentos na vagina de uma porca. Todos estes molestamentos são
acompanhados com outras agressões físicas e comentários irados dos
trabalhadores. A violência sexual ocorre em várias indústrias de criação
intensiva, pelo que não deve ser levada como um mero caso isolado. É claro como
água o poder que a violência tem num ambiente igualmente violento: é capaz de
manipular a mente humana, tornando a pessoa ainda mais agressiva do que já era.
Abater animais acaba por não
bastar; a necessidade de maltratá-los impera. É o que sucede-se dentro das
quatro paredes de cimento de imensas pecuárias.
Sempre que tiver conhecimento de
qualquer tipo de violência com animais, por favor, não hesite em contactar a
SEPNA (Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente), a Sociedade Protectora
dos Animais ou a ANIMAL.
Fonte:
Sem comentários:
Enviar um comentário