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15 de abril de 2014

VISITA À QUINTA DOS ARRUDAS (LUGAR DO MONTEIRO, ALMAGREIRA

No âmbito do projeto “Ambiente e Património Local – “Conhecer para valorizar e proteger”, que é o tema do PCT da turma dos 1º e 3º anos da Escola de Almagreira, os alunos e o CADEP-CN estudaram e depois foram conhecer a bonita e histórica “Quinta dos Arrudas”, que passo a apresentar.
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 Conforme a data da inscrição no arco da entrada lateral do Jardim e quinta "1871", trata-se de uma construção Séc. XIX, talvez com alguns acrescentos já no início do séc. XX.
 
No seu conjunto, a “Quinta dos Arrudas” é constituída por habitação, dois edifícios de apoio às atividades agrícolas (com cavalariças, tanque e depósito de água), currais de porco, recintos murados que envolvem a habitação e os edifícios anexos, "jardim de passeio" (jardim formal), pomares e campos agrícolas.

 A habitação é de planta retangular com um piso sobre caixa-de-ar. Tem forno (com duas bocas) de volume exterior e de planta retangular (com "janela da gateira" e chaminé com remate de secção retangular) adossado à fachada lateral direita.

A caixa-de-ar tem vãos para ventilação, emoldurados em pedra de cantaria.

 Na continuidade do corpo do forno encontram-se a retrete e os arrumos.

 A habitação é construída em alvenaria de pedra rebocada e caiada, com exceção dos cunhais, da cornija, das faixas e das molduras dos vãos (com verga de volta inteira sobre impostas) que são em cantaria.
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-O telhado, já inexistente, em virtude de um incêndio ocorrido no final da década de 50 era rematado por beiral duplo.
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 O acesso faz-se por três conjuntos de degraus  semicirculares, de cantaria, localizados respectivamente aos eixos da fachada principal, da fachada lateral esquerda e da fachada posterior, e por um lanço de escadas de planta retangular, junto ao corpo do forno, na fachada lateral direita.

 A habitação situa-se ao centro de um cerrado de planta retangular, sendo o logradouro bastante amplo, contendo cedros, altas palmeiras e outras espécies arbóreas

O acesso ao interior do terreiro da quinta faz-se por um portal e um conjunto de degraus de planta semicircular (em cantaria) localizados no enfiamento do eixo da fachada principal.

Os muros que limitam o cerrado apresentam um remate de secção triangular com exceção do murete fronteiro à fachada lateral esquerda que tem um remate de nível, em cantaria.

Os currais de porco localizam-se à direita da habitação, encostados ao muro do recinto. São de planta retangular e construídos em alvenaria de pedra rebocada.

 Os edifícios de apoio à agricultura, incluindo a adega, são de plantas retangulares com um piso, localizam-se no cerrado anterior ao da habitação, definindo, entre si, um terreiro de planta subtriangular. São construídos em alvenaria de pedra rebocada e caiada, com exceção dos cunhais e das molduras dos vãos que são em cantaria. O vão central das antigas cavalariças é em arco abatido, encontrando-se já sem telhado.
 
Numa das paredes contíguas a estas construções, encontram-se, ainda interessantes encaixes em pedra de cantaria, com furos, onde se prendiam os cavalos e burros.

 Uma das construções conserva ainda a cobertura de duas águas em telha de meia-cana tradicional rematada por beiral duplo.

 Junto da empena esquerda existe um eucalipto de grande porte, com quase um século que foi classificado, em 2011, como “árvores notável dos Açores” sob proposta do CADEP-CN (Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural de Santa Maria).

Na barreira de uma pastagem contígua a esta quinta, existia o último cedro-do-mato, da vegetação primitiva da ilha, o qual secou completamente, em 2012.

 O "jardim de passeio" antecede os recintos dos edifícios de apoio e da habitação, sendo limitado pelo muro que ladeia o caminho que lhes dá acesso. A passagem ao interior do jardim e amplo pomar faz-se por um portal com remates em cantaria. Ao eixo da verga está inscrita a data "1871", já pouco visível, em conseqüência da degradação da cantaria.

A habitação central, depois do incêndio, nunca mais foi reconstruída, encontrando-se atualmente só com paredes e forno de pé, assim como algumas das construções anexas. O jardim e pomares também se encontram em estado de abandono, estando a ser utilizados para pastoreio de gado.

Texto de José Andrade Melo (março de 2014) 
Fontes consultadas: "Inventário do Património Histórico e Religioso, de Sta Maria)
"Arquivo da Arquitectura Popular dos Açores", e “Arquivo dos Açores” 

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