No âmbito do projeto “Ambiente e
Património Local – “Conhecer para valorizar e proteger”, que é o tema do PCT da
turma dos 1º e 3º anos da Escola de Almagreira, os alunos e o CADEP-CN
estudaram e depois foram conhecer a bonita e histórica “Quinta dos Arrudas”,
que passo a apresentar.
Conforme a data da inscrição no arco da
entrada lateral do Jardim e quinta "1871", trata-se de uma construção
Séc. XIX, talvez com alguns acrescentos já no início do séc. XX.
No seu conjunto, a “Quinta dos
Arrudas” é constituída por habitação, dois edifícios de apoio às atividades
agrícolas (com cavalariças, tanque e depósito de água), currais de porco,
recintos murados que envolvem a habitação e os edifícios anexos, "jardim
de passeio" (jardim formal), pomares e campos agrícolas.
A habitação é de planta retangular com um piso
sobre caixa-de-ar. Tem forno (com duas bocas) de volume exterior e de planta retangular
(com "janela da gateira" e chaminé com remate de secção retangular)
adossado à fachada lateral direita.
A caixa-de-ar tem vãos para
ventilação, emoldurados em pedra de cantaria.
Na continuidade do corpo do forno encontram-se
a retrete e os arrumos.
A habitação é construída em alvenaria de pedra
rebocada e caiada, com exceção dos cunhais, da cornija, das faixas e das
molduras dos vãos (com verga de volta inteira sobre impostas) que são em
cantaria.
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-O telhado, já inexistente, em
virtude de um incêndio ocorrido no final da década de 50 era rematado por
beiral duplo.
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O acesso faz-se por três conjuntos de degraus semicirculares, de cantaria, localizados
respectivamente aos eixos da fachada principal, da fachada lateral esquerda e
da fachada posterior, e por um lanço de escadas de planta retangular, junto ao
corpo do forno, na fachada lateral direita.
A habitação situa-se ao centro de um cerrado
de planta retangular, sendo o logradouro bastante amplo, contendo cedros, altas
palmeiras e outras espécies arbóreas
O acesso ao interior do terreiro
da quinta faz-se por um portal e um conjunto de degraus de planta semicircular
(em cantaria) localizados no enfiamento do eixo da fachada principal.
Os muros que limitam o cerrado
apresentam um remate de secção triangular com exceção do murete fronteiro à
fachada lateral esquerda que tem um remate de nível, em cantaria.
Os currais de porco localizam-se
à direita da habitação, encostados ao muro do recinto. São de planta retangular
e construídos em alvenaria de pedra rebocada.
Os edifícios de apoio à agricultura, incluindo
a adega, são de plantas retangulares com um piso, localizam-se no cerrado
anterior ao da habitação, definindo, entre si, um terreiro de planta
subtriangular. São construídos em alvenaria de pedra rebocada e caiada, com exceção
dos cunhais e das molduras dos vãos que são em cantaria. O vão central das
antigas cavalariças é em arco abatido, encontrando-se já sem telhado.
Numa das paredes contíguas a
estas construções, encontram-se, ainda interessantes encaixes em pedra de
cantaria, com furos, onde se prendiam os cavalos e burros.
Uma das construções conserva ainda a cobertura
de duas águas em telha de meia-cana tradicional rematada por beiral duplo.
Junto da empena esquerda existe um eucalipto
de grande porte, com quase um século que foi classificado, em 2011, como
“árvores notável dos Açores” sob proposta do CADEP-CN (Clube dos Amigos e
Defensores do Património-Cultural e Natural de Santa Maria).
Na barreira de uma pastagem
contígua a esta quinta, existia o último cedro-do-mato, da vegetação primitiva
da ilha, o qual secou completamente, em 2012.
O "jardim de passeio" antecede os
recintos dos edifícios de apoio e da habitação, sendo limitado pelo muro que
ladeia o caminho que lhes dá acesso. A passagem ao interior do jardim e amplo pomar
faz-se por um portal com remates em cantaria. Ao eixo da verga está inscrita a
data "1871", já pouco visível, em conseqüência da degradação da
cantaria.
A habitação central, depois do
incêndio, nunca mais foi reconstruída, encontrando-se atualmente só com paredes
e forno de pé, assim como algumas das construções anexas. O jardim e pomares
também se encontram em estado de abandono, estando a ser utilizados para
pastoreio de gado.
Texto de José Andrade Melo (março de 2014)
Fontes consultadas:
"Inventário do Património Histórico e Religioso, de Sta Maria)
"Arquivo da Arquitectura Popular dos Açores",
e “Arquivo dos Açores”
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