“PEDESTRIANISMO E AMBIENTE DE MÃOS
DADAS”
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ACABAMOS O ANO EM BELEZA COM UM PERCURSO NA
NATUREZA
O Projeto “Pedestrianismo
e Ambiente de Mãos Dadas”, que já vai na 2ª atividade da II temporada, é
resultante de uma parceria entre o CADEP-CN, Amigos dos Açores Sta Maria e o
Grupo Desportivo Gonçalo Velho que, assumindo uma nova linha de dinâmica e abrangência
desportiva, criou o “Núcleo de
Pedestrianismo e Ambiente” (NPA), que visa a prática desportiva aliada à
promoção da saúde e qualidade de vida, através do “benéfico caminhar”,
associados à “fruição do património natural e cultural” e do “são convívio”.
É um desafio aos marienses para “deixarem o sofá” e porem
o “corpo a mexer” aos domingos de manhã (e algumas vezes aos sábados) através de
um desporto não competitivo, muito democrático e barato (Pedestrianismo), não necessitando de equipamentos sofisticados e
permitindo que se conviva presencialmente, ao longo de caminhadas descontraidas,
abrangendo todas as idades, ambos os sexos e nas quais os ritmos das pessoas
são respeitados.
Tal como na I Temporada, vão ser realizados 1 a 2 percursos mensais,
percorrendo-se os 5 PRs instituidos, os dois novos que o CADEP-CN concebeu no
ano passado e outros dois que serão criados em parceria com as juntas de
freguesisa de Sta Bárbara e Sto Espírito (“Lagos-Tagarete-Lagoínhas” e “Parque
das Fontinhas-Casas Velhas-Farroupo-Praia Formosa”.
Recordamos que o Pedestrianismo
é uma modalidade desportiva não competitiva, ligada à Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, tendo associada à
sua prática, de forma muito intrincada, a promoção da saúde, o lazer e o
turismo, assim como a fruição, valorização e a conservação da natureza e do
património, daí a parceria entre o G.D.Gonçalo Velho e o CADEP-CN, assentarem
como uma luva, na congregação de objetivos.
CARACTERIZAÇÃO
E CENTRALIDADES DO NOVO ITINERÁRIO
Tem uma distância/duração
aproximadas: 6 Km/3h; Grau de dificuldade: fácil; Relevo:
predominantemente plano, com ligeiros declives; Áreas naturais especiais:
ZPE do Ilhéu da Vila e Costa Adjacente (Rede Natura 2000); Património urbano
classificado: “Convento dos Franciscanos” e ZH de Vila do Porto.
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O itinerário teve o seu início no Jardim Municipal, onde foi
dado enfoque ao antigo Convento dos Franciscanos (imóvel classificado) e ao
Padrão dos Descobrimentos.
Convento
dos Franciscanos
(Largo da
Senhora da Conceição ou Adro dos Frades)
Foram-lhe
procedidas obras de restauro em 1842, quando passou a
abrigar os diversos serviços públicos, tendo também importente intervenção, em 1979.
Nesta altura, necessita novamente de
restauros diversos, nomeadamente ao nível dos telhados e nas pedras de cantaria
da sua imponente fachada.
O
conjunto encontra-se classificado como Imóvel de
Interesse Público pelo Decreto nº 251/70, de 31 de julho de 1970,
classificação consumida pela sua inclusão no conjunto classificado da Zona Classificada de Vila do Porto, pelo
DLR n.º 22/92/A, de 21 de outubro.
Depois de relembrado, pelo Guia, o Código de conduta e ética pedestrianista,
o grupo dirigiu-se à Canada do Campo,
atravessou a Ribeira do Sancho e fez nova paragem na antiga Pedreira do Anal,
onde foi explicada a génese geológica da “pedra de cantaria” cinzenta (a mais
rija da ilha) e que predomina nos edifícios históricos de Vila do Porto.
Dado
o seu interesse geomorfológico, sugerimos que seja efetuada a sua sinalização e
limpeza da envolvente.
Daqui,
prosseguiu-se para a cumeeira a norte da ribeira do Sancho, onde se defrutou de
uma alargara panorâmica sobre a Zona Histórica de Vila do Porto, e se falou
sobre a sua fundação e riqueza patrimonial.
Vila do Porto, o primeiro
burgo dos Açores
Em 1901
recebeu a visita do rei D. Carlos
e da rainha D. Amélia;
ainda nesse mesmo ano, elegeu a primeira Câmara republicana do arquipélago.
Alimentado
por mais estes conhecimentos, o grupo prosseguiu viagem, até ao Farolim da
Ponta do Malmerendo, ao longo do litoral, sempre com a bonita paisagem do Porto
e da Marina, à esquerda.
Ponta do
Malmerendo ou da Malmerenda
(A origem
do nome e o seu farolim)
Neste local, o grupo fez uma paragem junto ao
farolim, com o mesmo nome, tendo recebido, por parte do guia, informações as seguintes sobre a edificação:
Começou a funcionar no ano de
1898, sendo apontado como uma das estruturas do género, mais antigas dos
Açores.
Tem como estrutura, um edifício
retangular, com 6 metros
de altura, pintado de branco e uma faixa vermelha, estando implantado a 50 m de altitude.
Como todos os faróis, não fugiu à
evolução tecnológica, estando equipado com uma lanterna Tideland, emanando uma luz branca, com alcance de 10 milhas marítimas.
Ilhéu da Vila e Costa Adjacente
(Santuário de aves marinhas)
O Ilhéu da Vila encontra-se a cerca de 200 metros da costa, a
poente de Vila do Porto. Abrange 7, 7 ha , tem 380 metros de
comprimento e 150 metros
de largura, tendo uma altitude de máxima de 75 metros . É um dos
principais santuários para a nidificação de aves marinhas dos Açores, sendo
fundamentalmente por isso, classificado como Reserva Natural (DLR nº 47/2008/A de 7 de Novembro),
A zona do Ilhéu da Vila, em associação com a
Costa Adjacente, pela sua riqueza ecológica também foi integrada na Rede Natura
2000, na categoria ZPE (Zona de Proteção Especial), abrangida pela Directiva
79/409/CEE, relativa à conservação das aves selvagens sendo também uma IBA
(Important Bird Área (IBA PT068 – Ilhéu da Vila), pela BIRD Life
International/SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves)
Nidificam na ZPE, aves marinhas protegidas tais
como: Calonectris diomedea borealis – Cagarro, Puffinus assimilis baroli – Frulho, Oceanodroma castro – Angelito, Sterna dougallii - Garajau-rosado
, Sterna hirundo - Garajau-comum, Columba palumbus azoricus
- Pombo-torcaz-dos-Açores, Charadrius
alexandrinus – Borrelho-de-coleira-interrompida, Bulweria bulwerii - Alma-negra,
nidificando esta última só no Ilhéu da Vila.
Um pouco mais adiante o grupo desceu até à foz da
Ribeira Seca, onde retemperou forças cm
uma ligeira refeição, sempre condimentada com a sã confraternização.
Sobre
a Ribeira Seca, refere Gaspar Fructuoso que “Não
corre água senão quando chove muito, e mete-se no mar em areia grossa, e é rasa
e muito perigosa para a terra, por ser aparelhadada e nela desembarcarem
inimigos, pelo que é necessário haver nela vigia”.
Não sendo o itinerário rico em
flora, no entanto, regista-se a presença abundante dos aromáticos Poejo (Mentha pulegium) e Murta (Myrtus communis),
assim como do Limonium vulgaris, do Juncus acutus e dos catos Babosa (Agave americana) e Toneira
(Opuntia
ficus-indica).
Terminada a refeição, passou-se pela Ponta do
Poção, e prosseguiu-se até ao topo da Pista Sudoeste do Aeroporto de Santa
Maria.
Nesta paragem, o guia informou
que o Aeroporto foi construído em 1945, tendo três pistas: uma com 3048 metros , outra com 1420 m e outras com 1830m. A
primeira, que é paralela à linha de costa é pavimentada em cimento e as outras
a betão asfáltico.
Foi inaugurado a 11 de julho de
1946, tendo tido o seu auge nas décadas de 50 e 60, e, ainda alguma relevância
nos anos 70.
Daqui até ao final do percurso, no
caminho paralelo à pista, observaram-se algumas aves residentes e limícolas,
nas zonas húmidas, e foi chamada a atenção para a observação de alguns
elementos físicos da presença americana na ilha, nomeadamente a antiga torre de controle, bocas de incêndio, tanques e condutas de combustível,
assim como as casas de chapa retangulares e
circulares (Quonset hut).
Todos lamentaram o estado de degradação em que se
encontram as pistas e demais elementos.
O nosso obrigado a todos pela
adesão, curiosidade e boa disposição, e de forma especial ao ao sempre
simpático e disponível Márcio Costa, do Gonçalo Velho, pela sua competência na
logística do evento.
Este novo itinerário, pela sua riqueza de património cultural e
natural e avaliação bastante positiva resultante deste teste, é mais um que o CADEP-CN/Amigos
dos Açores Sta Maria, propõe para consideração como P.Pedestre classificado, a
fim de ser rentabilizado como fruição/animação turística.
Estas atividades pedestrianistas,
de fruição patrimonial e promoção da saúde estão inseridas na Campanha Bandeira
Azul da Europa, para as zonas balneares de Sta Maria, à ligação parceira do
CADEP-CN com o Parque Natural de Ilha e, ainda, ao Projeto de Saúde Escolar e
Comunitária.
*José Melo
Coordenador do NPA do G.Velho
CADEP-CN e Amigos dos Açores Sta Maria
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