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5 de abril de 2014

A NOBREZA DO VOLUNTARIADO DEDICADO AOS ANIMAIS

ESCLARECIMENTO E RESPOSTA NECESSÁRIOS
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Voluntários dão banho aos animais do CAMAC
 Para quem, ainda, não interiorizou o valor intrínseco da vida sem “especismos”, considera o voluntariado dedicado aos animais encontrados abandonados ou vítimas de maus-tratos menos nobre do que voluntariados com outros direcionamentos. A repetida questão suscitada por essas pessoas, “Porque não ajudas pessoas que precisam?”, surge sempre que me refiro ao voluntariado com animais.

 O tempo e as várias reflexões que tenho feito sobre a temática e sobre essa tão badalada e descabida pergunta, permitem-me fazer os seguintes esclarecimentos, questões e chegar a várias conclusões.

 Primeiro que tudo, não há voluntariado mais nem menos nobre, quando em causa estão vidas em situação precária e mais fragilizada, possuidoras de sentimentos e da capacidade de sofrer, quer sejam pessoas ou animais sencientes.

Jovens do CADEP-CN entregam donativos 
da Campanha “Natal Solidário”

 Segundo, todas as formas de dádiva e de contribuição cívica gratuita na defesa e promoção do bem-estar da vida, acarretam um si uma grande nobreza, porque permite dar atenção e dar ajuda a quem muito precisa dela, sem olhar se esse tempo e ação que estamos a dar de forma livre e espontânea é para um humano ou para um animal. AMBOS SÃO VIDA! AMBOS SÃO CRIATURAS DE DEUS!”AMBOS PADECEM DAS MESMAS DORES!

Terceiro, quem geralmente coloca a questão acima referida, são aquelas pessoas sem  histórico visível de voluntariado, nem com animais, nem com pessoas, daí a nossa grande perplexidade pelo seu questionamento com feição de crítica.

 Mesmo assim, “questiono a questão delas”:
--Se todos fizessem voluntariado com crianças, quem ajudaria os idosos? Se todos ajudassem os idosos, quem faria voluntariado com as crianças? E se todos apenas fizessem voluntariado com crianças e idosos, quem olharia pelos muitos de animais abandonados todos os anos, no país, nos Açores e, ainda, em Sta Maria, que sofrem e sentem como gente, sem falar das graves consequências sociais que daí advém para a saúde pública, segurança de pessoas e bens e até para a imagem de um povo e da sua terra.

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Aspecto da “3º Feira de Adoção” (Festas de S.João)
Por outro lado, quem faz voluntariado pelos animais, diretamente ajuda a estes, mas também direta e indiretamente está a ajudar as pessoas, a comunidade e a sua terra. Acrescento, ainda, que não conheço ninguém que se assuma defensor dos animais, que também não se disponibilize para auxiliar pessoas, dando bons exemplos de cidadania e de solidariedade em ambas as frentes.

 Somos nós que tornamos nobres as causas onde nos envolvemos, pela forma intensidade e coerência como lutamos por elas. Se trabalharmos com respeito, honestidade, vontade e muito amor não há causas no voluntariado menos dignas, desde que estejam em causa vidas, sendo a defesa do ambiente e do património também muito importantes, entre outros direcionamentos de interesse público.
 Dizer que um animal é menos digno que uma pessoa para merecer que alguém gaste o seu tempo com ele, prova que certos humanos andam muito enganados em relação à natureza e ao valor intrínseco da vida.  A convivência com animais tem-me ensinado que são seres maravilhosos, com elevados sentimentos, gratidão e amor incondicional que gostaria de observar em muitos humanos.

 De forma errónea, o ser humano assumiu a supremacia de todas as espécies, colocando-se numa espécie de “pódio antropocêntrico”, julgando que por ser dotado de racionalidade se poderia superiorizar à natureza, controlando-as ou desrespeitando as suas leis e considerando-se um semi-deus sobre todas as espécies , dispondo delas a seu belo prazer.

Por vezes basta um evento natural (um furacão, um tornado, um terramoto, etc.) para Deus fazer recordar e reduzir o ser humano à sua verdadeira posição no mundo, relegando-o à fragilidade de animal que é.

 Por isso, julgar que o voluntariado com animais é menos digno que com humanos, assenta na irracionalidade de considerar que estamos acima das outras espécies e da própria natureza, ao mesmo tempo que se despe a verdadeira humanidade para com o próximo.

 Se os humanos são seres racionais e dotados e moralidade e ética, porque tem atitudes que me parecem desprovidas de qualquer racionalidade para com os animais e com a natureza? Não são os seres-humanos que abandonam, maltratam, ferem, aprisionam,  abandonam e  deixamos morrer à fome tantos milhares de animais por ano?

CADEP-CN-Dog Trekking com animais do CAMAC  
Os animais tem sido grandes vítimas às mãos de seres humanos cruéis que envergonham a espécie humana, não sendo entendível que haja pessoas que “racionalmente” critiquem quem queira contrariar essas barbaridades e defender vidas quem não dispõe de voz nem de meios para o fazerem, por si próprios.

 Os animais são vidas e criaturas de Deus como nós, por isso não me podem dizer que merecem menos ou não merecem de todo que alguém se dedique a ajudar de forma voluntária aqueles que o próprio ser humano mal tratou ou abandonou.

Acredito que quanto mais damos em prol das vidas mais fragilizadas que nos rodeiam, quer sejam pessoas ou animais, mais humanos nos tornamos e mais revelamos a nossa humanidade. Diria mesmo que é um dever de cidadania, de ética humana e de prática cristã, para quem segue verdadeiramente a Palavra Bíblica, na qual Deus releva os animais como suas criaturas   o dever do Homem para com eles.

“Todos os animais pertencem a Deus.” (Salmo 24:1).
“O homem bom cuida dos seus animais, mas os homens ímpios são cruéis para com eles . " Provérbios 12:10

 Esta é a verdadeira essência do voluntário. É a capacidade de nos despojarmos do nosso próprio eu em prol dos seres que amamos, que sentem e sofrem como nós e que tem os mesmos direitos ao bem-estar e a viver de forma digna.

 Ser voluntário é dar sem esperar nada em troca, esse nada que é tudo, porque a recompensa é tão grande quando vemos que conseguimos dar a outro ser vivente a felicidade, uma vida melhor, um olhar de gratidão e de comunhão, de paz, de amizade sincera sem esperar retorno. Tudo isso tenho visto e recebido de algumas pessoas, mas sempre dos animais, os quais tento ajudar da melhor forma que posso e sei.

 Por isso, o que importa é servir uma causa nobre, seja ela qual for, onde quer que haja vidas a precisar! É essa a verdadeira “racionalidade” e “humanidade” do ser humano!

Os meus agradecimentos a todas as crianças e jovens marienses que praticam voluntariado com o CADEP-CN, no CAMAC de Vila do Porto (e alguns adultos de per si) nos Dog Trekking’s semanais, nos banhos, nas feiras de adoção e na angariação de rações, toalhas e cobertores, tendo-se disponibilizado, ainda esta semana, a Carla Paiva e a Beatriz Barrôco, o que muito enaltecemos.

José Andrade Melo,
CADEP-CN e Amigos dos Açores, Sta Maria


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