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Foto: José Melo (CADEP-CN) |
De acordo com o livro “Segredos e Virtudes das
Plantas Medicinais”, o sabugueiro é uma das plantas cuja história acompanha a
do homem. Com efeito, são conhecidos vestígios desta planta em estações
arqueológicas da Idade da Pedra.
O sabugueiro, que se popularizou na Europa
como planta decorativa a partir do século XVI, era uma das plantas mais
cultivadas nos Açores para servir de sebe e tapume para separação de quintais.
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Com os seus caules que são ocos as crianças
faziam uns brinquedos que eram conhecidos como “estalos” e que surgiam na época
da apanha das laranjas. O seu miolo, hoje substituído pela esferovite, era
usado na construção dos pêndulos elétricos.
O Padre Ernesto Ferreira no seu livro “ a Alma
do Povo Micaelense” fala numa crença associada ao seu uso. Assim, acreditava-se
que “um rosário, feito com cinco ou sete rodelas de sabugueiro e posto ao
pescoço das crianças, tem o condão de preservá-las do garrotilho”, doença comum
na infância causada por um vírus que provoca “inchaço nas vias respiratórias
superiores, envolvendo a laringe e a traqueia.
O naturalista de Santa Maria, Dalberto Pombo,
que também se interessou pelas plantas medicinais dos Açores, numa publicação
sobre o assunto escreveu que “no sabugueiro todas as suas partes se podem
utilizar: as folhas, as flores, a segunda casca, os frutos e a raiz” e
aconselhava: “trate, pois, o velho pé de sabugueiro que tem no quintal, ou
arranje uma estaca para o plantar, pois a sua presença dar-lhe-á mais
esperança…”
As flores do
sabugueiro que podem ser apanhadas nos meses de Maio e Junho, de acordo com
Silvano Pereira (1953), eram usadas em infusão como diuréticas e sudoríficas.
No inquérito que fizemos, no concelho da
Ribeira Grande, a flor do sabugueiro era usada para debelar a febre, na Lomba
da Maia, enquanto na Lombinha da Maia usavam-se as bagas para combater a
diarreia. Na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, o chá das flores era usado
para combater as dores de barriga. Nas Sete Cidades, os respondentes
mencionaram o uso da “rosa de sabugueiro” para aliviar a “indisposição, as
dores de estômago e as gripes”.
Família-
Caprifoliaceae
Nome científico- Sambucus nigra
Outras designações- Sabugo, sabugueiro-negro,
rosa- de- bem-fazer
Identificação- Arbusto com os ramos cheios de
medula branca, com folhas pecioladas, com 5 a 7 folíolos serrados. As suas flores são
branco-amarelas e as suas bagas são negras, apresentando de três a cinco
sementes.
Utilização- O Dr. Oliveira Feijão escreve que
“a planta é fortemente sudorífica e diurética (gota, reumatismo, hidropisias,
pneumonias, gripe, sarampo, tosses, etc.), podendo também ser usada como
tópico-emoliente e resolutivo (herpes, hemorroidas...)
Tal como as restantes plantas o sabugueiro
deve ser usado com o máximo de cuidado. No caso presente “devido à possibilidade
de intoxicação por cianeto, as crianças devem ser desencorajados a fazer
apitos” e o uso das folhas poderá trazer problemas pois estas possuem
“glicosídeos cianogénicos”.
* Texto: Teófilo de Braga
(Correio dos Açores, 27 de Agosto de 2013)
1 comentário:
Ñ conhecia a Naturmariense pelo q felicito a ideia.Consultei o Salgueiro e, embora este espaço ñ se dedique às crenças, ñ resisto a dizer-vos q o caule de Sabugueiro era usado na Ribeira Grande para manter longe a inveja é mau olhado.
Cumprimentos. Oriana Lourenço, ribeiragrandense.
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