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29 de junho de 2012

NA PROMOÇÃO DA AGRICULTURA BIOLÓGICA NOS AÇORES

= "REDE AÇORES PRO BIO" =

Na sequência de uma notícia sobre a discussão da proposta de uma percentagem de produtos biológicos que as cantinas das escolas e dos hospitais deveriam utilizar e no seguimento de um email enviado pelo Dr. Victor Medina da Gê-Questa (ilha Terceira) acerca da situação de desenvolvimento da agricultura biológica na ilha da Madeira, de imediato ocorreu a Pedro Medeiros que a inevitável fragmentação geográfica dos Açores impõe um défice de "massa crítica" que é necessária para impulsionar e desenvolver a agricultura biológica nos Açores. No próprio momento surge a ideia de uma Rede regional que coloque em contacto produtores, industria e comércio no sector da agricultura biológica nos Açores. Pedro Medeiros apresenta a ideia do projecto ao grupo de produtores biológicos de que faz parte na Cooperativa de Agricultores da ilha do Faial e ao Dr. Victor Medina da Terceira. Recebendo mensagens de incentivo, decide avançar com o blog (www.redeproacoresbio.blogspot.com), uma página e um grupo no Facebook em maio de 2012. Iniciaram-se os contactos em várias ilhas. Aderiram de imediato e assumiram a representação na ilha o Dr. Victor Medina na Terceira, o Dr. Teófilo Braga em S. Miguel, o Dr. Eduardo Guimarães em S. Jorge, o Dr. Florimundo Soares nas Flores, o Dr. José Melo em Santa Maria.

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A "Rede Pró Açores Bio" enquanto projeto de partilha de conhecimento entre entusiastas da agricultura biológica foi criada em maio deste ano e está em construção. A sua divulgação e crescimento consistente assenta na produção real e na iniciativa autêntica de todos os que têm aderido enquanto membros ativos da rede. O mérito é de todos os que já estão na rede e a contribuir para que funcione com vantagens para todos.  A rede está aí e é de todos os que nela participam.

Cada um na sua ilha é que conhece melhor a realidade. A que vive diariamente. Mas faz todo o sentido partilhar para desenvolver uma visão de conjunto regional.
Biodiversidade numa horta biológica
Pensamos que a rede poderá dar um contributo para a união dentro de cada ilha e entre ilhas, partilhando estratégias e fomentando a aplicação das técnicas. Temos um problema de défice de conhecimento sobre agricultura biológica nos Açores e que gera uma descrença neste modo de produção.

Na ilha do Faial, são sete os produtores em conversão para agricultura. Encosta da Boavista é um deles, membro do grupo de "produtores bio" da Cooperativa Agrícola da Ilha do Faial. Localizado na feguesia de Pedro Miguel, é o único que já detém certificação Bio para produtos hortícolas.

O desenvolvimento da agricultura biológica nos Açores será mais consistente e seguro se acontecer envolvimento dos agentes produtivos. As cooperativas agrícolas, em cada ilha, têm a esse nível um papel crucial na relação com os produtores e na prática de uma relação cooperativa.

O cooperativismo é um caminho para o desenvolvimento da agricultura biológica nos Açores, dentro de cada ilha e entre ilhas. As leis são regionais, o mercado é cada vez mais regional e global. Contudo, em nove ilhas o mar separa pessoas, motivações e vontades. Por isso, faz todo o sentido utilizar as ferramentas tecnológicas que estão ao nosso alcance para impulsionar, de forma cooperativa, aquilo que acreditamos que é o melhor que podemos deixar para as próximas gerações: uma agricultura com menos resíduos, uma alimentação mais saudável, um ambiente menos poluído, uma imagem de qualidade da Região.

Do cruzamento da experiência com as novas tecnologias pode nascer um modelo único. Os Açores são uma região única. Será inteligente promover a monocultura em ilhas tão pequenas? O meu amigo Euclides Duarte falava-me da consociação entre cabras, ovelhas e vacas. Como cada espécie controla espécies de plantas diferentes. Complementam-se. Teremos nós que ouvir e conhecer mais a nossa própria realidade para sabermos defender e construir um modelo próprio. Os novos conhecimentos da biotecnologia são úteis, mas será inteligente fazer tábua rasa da experiência tradicional? Da integração, nasce a funcionalidade. Um modelo faz-se com tempo e pessoas. Partilhemos.

A produção convencional e os transgénicos proliferam num mundo que é cada vez "mais do mesmo", em que sendo tudo igual, onde está a diferenciação que nos confere um trunfo turístico e económico? Os transgénicos constituem um risco para a biodiversidade.

As siglas DOP, Certificação Biológica, Livre de Transgénicos e Reserva da Biosfera constituem em si valores que serão as melhores bandeiras dos Açores num mundo globalizado.

Em pleno início do século XXI, a crise económica sinaliza a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável. Sustentado em pilares de confiança.
O que queremos que sejam os Açores em 2050?

A Rede Pró Açores Bio tem como lema: “Conhecer globalmente para agir localmente; uma região, nove ilhas. Cooperativamente, promovendo a produção, a comercialização e o consumo de produtos biológicos.

Pretende contribuir para potenciar este desenvolvimento através da partilha de conhecimento no blog www.redeproacoresbio.blogspot.com, numa página e num grupo no facebook; promover a discussão informal numa plataforma de discussão via email e dar a conhecer os produtores ativos em agricultura biológica nos Açores.


O entusiasmo que acompanhou a ideia inicial é o entusiasmo com que integramos cada novo membro na Rede Pró Açores Bio. É o entusiasmo com que partilhamos. Com confiança e a convicção de que estamos apenas no começo do princípio.

Pedro Medeiros

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