= "REDE AÇORES PRO BIO" =
Na
sequência de uma notícia sobre a discussão da proposta de uma percentagem de
produtos biológicos que as cantinas das escolas e dos hospitais deveriam utilizar
e no seguimento de um email enviado pelo Dr. Victor Medina da Gê-Questa (ilha
Terceira) acerca da situação de desenvolvimento da agricultura biológica na
ilha da Madeira, de imediato ocorreu a Pedro Medeiros que a inevitável
fragmentação geográfica dos Açores impõe um défice de "massa crítica"
que é necessária para impulsionar e desenvolver a agricultura biológica nos
Açores. No próprio momento surge a ideia de uma Rede regional que coloque em
contacto produtores, industria e comércio no sector da agricultura biológica
nos Açores. Pedro Medeiros apresenta
a ideia do projecto ao grupo de produtores biológicos de que faz parte na
Cooperativa de Agricultores da ilha do Faial e ao Dr. Victor Medina da
Terceira. Recebendo mensagens de incentivo, decide avançar com o blog
(www.redeproacoresbio.blogspot.com), uma página e um grupo no Facebook em maio
de 2012. Iniciaram-se os contactos em várias ilhas. Aderiram de imediato e
assumiram a representação na ilha o Dr. Victor Medina na Terceira, o Dr.
Teófilo Braga em S. Miguel, o Dr. Eduardo Guimarães em S. Jorge, o Dr.
Florimundo Soares nas Flores, o Dr. José Melo em Santa Maria.
-
A
"Rede Pró Açores Bio" enquanto projeto de partilha de conhecimento
entre entusiastas da agricultura biológica foi criada em maio deste ano e está
em construção. A sua divulgação e crescimento consistente assenta na produção
real e na iniciativa autêntica de todos os que têm aderido enquanto membros
ativos da rede. O mérito é de todos os que já estão na rede e a contribuir para
que funcione com vantagens para todos. A
rede está aí e é de todos os que nela participam.
Cada
um na sua ilha é que conhece melhor a realidade. A que vive diariamente. Mas faz
todo o sentido partilhar para desenvolver uma visão de conjunto regional.
Biodiversidade numa horta biológica |
Pensamos
que a rede poderá dar um contributo para a união dentro de cada ilha e entre
ilhas, partilhando estratégias e fomentando a aplicação das técnicas. Temos um
problema de défice de conhecimento sobre agricultura biológica nos Açores e que
gera uma descrença neste modo de produção.
Na ilha do Faial, são
sete os produtores em conversão para agricultura. Encosta da Boavista é um
deles, membro do grupo de "produtores bio" da Cooperativa Agrícola da
Ilha do Faial. Localizado na feguesia de Pedro Miguel, é o único que já detém
certificação Bio para produtos hortícolas.
O desenvolvimento da agricultura biológica
nos Açores será mais consistente e seguro se acontecer envolvimento dos agentes
produtivos. As cooperativas agrícolas, em cada ilha, têm a esse nível um papel
crucial na relação com os produtores e na prática de uma relação cooperativa.
O cooperativismo é um
caminho para o desenvolvimento da agricultura biológica nos Açores, dentro de
cada ilha e entre ilhas. As leis são regionais, o mercado é cada vez mais
regional e global. Contudo, em nove ilhas o mar separa pessoas, motivações e
vontades. Por isso, faz todo o sentido utilizar as ferramentas tecnológicas que
estão ao nosso alcance para impulsionar, de forma cooperativa, aquilo que
acreditamos que é o melhor que podemos deixar para as próximas gerações: uma
agricultura com menos resíduos, uma alimentação mais saudável, um ambiente
menos poluído, uma imagem de qualidade da Região.
Do cruzamento da experiência com as novas tecnologias
pode nascer um modelo único. Os Açores são uma região única. Será inteligente
promover a monocultura em ilhas tão pequenas? O meu amigo Euclides Duarte falava-me
da consociação entre cabras, ovelhas e vacas. Como cada espécie controla
espécies de plantas diferentes. Complementam-se. Teremos nós que ouvir e
conhecer mais a nossa própria realidade para sabermos defender e construir um
modelo próprio. Os novos conhecimentos da biotecnologia são úteis, mas será
inteligente fazer tábua rasa da experiência tradicional? Da integração, nasce a
funcionalidade. Um modelo faz-se com tempo e pessoas. Partilhemos.
A produção convencional e os transgénicos
proliferam num mundo que é cada vez "mais do mesmo", em que sendo
tudo igual, onde está a diferenciação que nos confere um trunfo turístico e
económico? Os transgénicos constituem um risco para a biodiversidade.
As siglas DOP, Certificação Biológica, Livre
de Transgénicos e Reserva da Biosfera constituem em si valores que serão as
melhores bandeiras dos Açores num mundo globalizado.
Em pleno início do século XXI, a crise
económica sinaliza a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável.
Sustentado em pilares de confiança.
O que queremos que sejam os Açores em 2050?
A Rede Pró
Açores Bio tem como lema: “Conhecer globalmente para agir localmente; uma
região, nove ilhas. Cooperativamente, promovendo a produção, a comercialização
e o consumo de produtos biológicos.
Pretende
contribuir para potenciar este desenvolvimento através da partilha de
conhecimento no blog www.redeproacoresbio.blogspot.com, numa página e num grupo no
facebook; promover a discussão informal numa plataforma de discussão via email
e dar a conhecer os produtores ativos em agricultura biológica nos Açores.
O
entusiasmo que acompanhou a ideia inicial é o entusiasmo com que integramos
cada novo membro na Rede Pró Açores Bio. É o entusiasmo com que partilhamos.
Com confiança e a convicção de que estamos apenas no começo do princípio.
Pedro Medeiros
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