PELA SUA SINGULARIDADE E QUALIDADE PODERÁ SER UM PRODUTO
REGIONAL CERTIFICADO
- -Uva-da- serra em flor (Foto José Melo) |
A uva-da-serra (Vaccinium cylindraceum) corresponde muito provavelmente à espécie
endémica dos Açores com maior potencial para contribuir para o desenvolvimento
económico das ilhas". Quem o afirma é a Professora Auxiliar da
Universidade dos Açores, Maria João Pereira, que com vasta investigação na
matéria tem sido uma das pessoas com maior dedicação a esta espécie.
É provavelmente um dos muitos achados açorianos, uma benesse e contribuição
da natureza, que não sendo valorizado por todos tem sido salva pela estudo e
perspicácia de poucos.
-Frutos da Uva-da-serra |
Conta Maria João Pereira que já em 1817, na revista ‘Rees’s Cyclopaedia’,
Sir James Edward Smith botânico e fundador da ‘Linnean Society’, com base num
exemplar de herbário sem frutos, atribui o nome científico de Vaccinium
cylindraceum, à espécie nativa das montanhas dos Açores, localmente conhecida
por uva-da-serra.
Do cientifico ao mais vulgar a uva-da-serra é conhecida no arquipélago, por variadas
denominações. A espécie é assim conhecida, também, por nomes como uva-do-monte,
uva-do-mato, uveira ou romania. No continente português esta
espécie é referida frequentemente como o mirtilo-dos-Açores. Segundo as
explicações de Maria João Pereira "de facto, o fruto que produz é um
mirtilo, este foi e ainda é, consumido fresco ou em compotas nos Açores. O
género Vaccinium inclui também, para além da espécie açoriana, outras espécies
exploradas comercialmente pelos seus frutos como a espécie europeia Vaccinium
myrtillus L. (bilberry) e várias espécies americanas como o Vaccinium
corymbosum L. (northern highbush blueberry) ou o Vaccinium angustifolium Aiton
(lowbush blueberry)", descreve a bióloga.
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Mas muito se investigou e sobre esta espécie. A Universidade dos Açores,
através dos investigadores do Departamento de Biologia desta academia levou a
cabo um trabalho sobre a uva-da-serra permitindo descrever morfologicamente a
espécie nas diferentes ilhas dos Açores, bem como conhecer o padrão de
desenvolvimento dos arbustos e a sua biologia reprodutora. Os estudos
realizados permitiram ainda caracterizar os processos germinativos das sementes
de acordo com a sua origem geográfica e criar protocolos de produção em massa
por técnicas de cultura in vitro.
E é aqui que entram outros intervenientes que contribuíram para outros
tantos passos importantes. Segundo Maria João Pereira o "Departamento de
Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento da Universidade dos Açores contribuiu
decisivamente para atestar a qualidade dos mirtilos-açorianos ao descobrir que
estes são até mais ricos em compostos antioxidantes que os frutos
comercializados de Vaccinium myrtillus e Vaccinium corymbosum", mas também
o "estabelecimento, pela Direcção de Serviços de Agricultura e Pecuária
(Direcção Regional do Desenvolvimento Agrário), de um campo de cultura
experimental nas Furnas com exemplares de uva-da-serra produzidos por cultura
in vitro pelo Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, permitiu
concluir que a plantação desta espécie a altitudes menores pode resultar na
maturação dos frutos antes da época forte (Setembro) e que existem disponíveis
medidas de controlo de pragas na produção do mirtilo-açoriano".
Várias etapas que na sua conjuntura elucidam um cenário por explorar. Para
Maria João Pereira sendo a "uva-da-serra uma espécie endémica dos Açores,
pode também ser plantada fora da área da superfície agrícola útil e explorada
de forma não intensiva. Trata-se de uma espécie de eleição, para a agricultura
biológica e para a criação de produtos regionais certificados. Nesta
perspectiva interessa investir e proteger o estabelecimento de campos de
produção do mirtilo-açoriano e não produzir mirtilos de outras espécies já que
ocorre a produção de híbridos férteis e a perda das características distintivas
da espécie açoriana". Factos são factos e os estudos assim os ditam. Os
Açores têm assim uma riqueza por explorar, mas que embora tenho tudo para ser
um factor contributivo para uma economia mais forte, e dividida em diferentes
sectores, não tem sido, provavelmente muito aprofundada na prática.
Quanto às componentes e evidentes benefícios, a descrição dos atribuídos e
possíveis "mercados" de integração desta espécie é feita por Maria
João Pereira: "os mirtilos açorianos são fonte de vitamina C, compostos
anticancerígenos e compostos auxiliadores da circulação vascular peiférica,
podem ser consumidos e comercializados, frescos e inteiros (para consumo
directo, adição a iogurtes, gelados e confecção de sobremesas) ou sob a forma
de polpa congelada, compota ou sumo. Secos, os mirtilos podem ser adicionados a
misturas de cereais ou barritas de cereais. Os mirtilos-acorianos podem ainda
ser utilizados para a extracção de produtos para a indústria alimentar
(corantes naturais e compostos antioxidantes) e farmacêutica (cápsulas de
antocianósidos - venotrópicos)".
E porque não se trata apenas de uma introdução na indústria alimentar, o
mirtilo-açoriano poderia ser muito bem utilizado para o bem-estar, para a saúde
não só dos açorianos, mas se calhar uma mais-valia para a saúde dos
portugueses… "As folhas e os frutos de várias espécies Vaccinium são
referidos nos manuais de plantas medicinais como coadjuvantes no tratamento de
problemas vasculares, diarreias, flatulência, parasitoses intestinais,
infecções urinárias, inflamações da boca e da laringe. As farmácias e
ervanárias possuem vários produtos com extractos de mirtilo. Nos Açores os
frutos, macerados ou não em aguardente, eram usados para tratar ‘dores de
barriga’", explica Maria João Pereira.
Os Açores, não fossem os estudos e trabalhos de campo terem já comprovado a
utilização benéfica desta espécie, já reconheceram, à sua maneira, a
uva-da-serra até porque se trata, "ainda", de uma valorização
ambiental. Como refere Maria João Pereira "esta espécie encerra ainda um
valor ambiental importante, foi já usada na recuperação de zonas protegidas
(Projecto Life-Priolo), mas deve o seu uso ser intensificado na revegetação de
áreas erodidas e recuperação de antigas pedreiras, na protecção das linhas de
água e lagoas na ornamentação de taludes de estrada, miradouros e parques de
lazer. Actualmente esta espécie é produzida por cultura in vitro e semente no
Departamento de Biologia da Universidade dos Açores e por semente no âmbito do
Projecto Laurissilva sustentável (LIFE 07 NAT/P/000630)".
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Fontes: UAç e Diário
dos Açores (2010-09-07)
5 comentários:
É simplesmente um fruto maravilhos . Pena os Açoreanos não lhe ligarem . Aliás , desprezam muito a sua terra .
Eu quero uma planta, será que se pode plantar a semente do fruto? Doval7@hotmail.com
Eu quero uma planta, será que se pode plantar a semente do fruto? Doval7@hotmail.com
Nasci e ccresci em S.JORGE. Por razões de serviço, o meu Pai deslocava-se ao Topo
com frequência. Era ponto de paragem obrigat+orio a Serra onde iamos apanhar
romania. Gostei de saber mais sobre esta planta e voltar à minha primeira infância.
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