AÇÕES DO CADEP-CN E AMIGOS DOS AÇORES STA MARIA
E O PORQUÊ DESTA CAMPANHA
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Cagarro resgatado por alunos do CADEP-CN, 994 |
O CADEP-CN (Clube dos Amigos e Defensores do Património-Cultural e Natural
de Sta Maria), criado em 1991 na Escola Sol Nascente-Sta Bárbara e sócio
coletivo dos Amigos dos Açores, desde 1992, iniciou o salvamento de cagarros em
Sta Maria em 1994, com o apoio de fundo daquele Associação Ecológica e
incentivado pelo Engenheiro Luís Monteiro, no decorrer de um encontro tido em
P.Delgada, em 1993, sobre “Aves Marinhas Migratórias”, para a qual fui
convidado pelo histórico ambientalista Veríssimo Borges.
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Durante 15 anos (1994-2005), ininterruptamente, o CADEP-CN, sempre em
estreita ligação com os Amigos dos Açores, fez brigadas de salvamentos de cagarros, praticamente
sozinho, até que, a partir de 2006, os Serviços de Ambiente da ilha, passaram
a fazer a coordenação “ofical” da
Campanha SOS-Cagarro, contando sempre connosco, como parceiros.
Exposição do CADEP-CN na Escola de Almagreira |
Na Campanha de 2013, O CADEP-CN e Amigos dos Açores Sta Maria (AA), de
entre as suas ações planeadas, patenteiam uma exposição sobre o Cagarro na
Escola de Almagreira e ações de sensibilização aos alunos e docentes; distribuição de desdobráveis com informações
sobre a ecologia da ave; afixação de
cartazes com menção “Este Ano Salve um Cagarro”; apresentação da nova T Shirt dos AA que expõe os
procedimentos de salvamento, a qual será sempre envergada pelos participantes
nas brigadas noturnas de resgate das aves e nas largadas.
* José Andrade Melo
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No âmbito da parceria do CADEP-CN com o PNI-SMA, haverá sessões demonstrativas de anilhagens de cagarros com a presença/participação de crianças e jovens, assim como a coordenação comum de algumas brigadas noturnas e largadas.
No âmbito da parceria do CADEP-CN com o PNI-SMA, haverá sessões demonstrativas de anilhagens de cagarros com a presença/participação de crianças e jovens, assim como a coordenação comum de algumas brigadas noturnas e largadas.
Tal como nos anos anteriores, os Amigos dos Açores dispuseram uma Grelha
Pública para o registo online dos cagarros resgatados nas as brigadas e pela
população em geral, dispondo à data da escrita deste artigo (4 de novembro), já
com 78 salvamentos.
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O PORQUÊ DA CAMPANHA SOS-CAGARRO
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Os cagarros aves marinhas
extraordinárias, adaptadas para a vida no alto mar. Só vêm a terra para
nidificar. Juntam-se em colónias situadas nas falésias costeiras e ilhéus, que
chegam a reunir centenas de indivíduos. Ao largo da costa estes bandos formam o
que se chama jangadas. Os cagarros são fiéis à ilha onde nasceram, à colônia e
ao casal. Os seus cantos noturnos são muito peculiares. É uma das aves mais
antigas que existe à superfície da terra, com cerca de 30 milhões de anos.
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Na ilha de Santa Maria, os seus
habitantes têm como alcunha o nome desta curiosa ave, e existe uma expressão
muito interessante, que dita depressa, constitui uma boa imitação do seu canto "eu
t´agarro, eu t´agarro, eu t´agarro; eu caio, eu caio, eu caio".
-Cortejo de sensibilização SOS-Cagarro, em 2004 |
Os Açores são a região no mundo
com maior abundância de cagarros da subespécie Calonectris diomedea borealis,
aproximadamente 188 000 casais, o equivalente a cerca de 75% da sua população
mundial, daí a responsabilidade acrescida dos açorianos na proteção desta ave.
Esta subespécie de cagarro ocorre apenas no Atlântico Norte (Portugal
Continental, Açores, Madeira e Canárias), e por ser muito vulnerável à
degradação do habitat natural, esta ave está em regressão a nível planetário,
sendo muito importante garantir a sua proteção para manter a sua sobrevivência.
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Apesar dos Açores possuírem a maior população mundial da subespécie Calonectris
diomedea borealis, esta é
considerada em estado de conservação desfavorável, tendo vindo a
decrescer nas últimas décadas, daí ser uma ave protegida por leis nacionais e
internacionais. Se tivermos em
conta censos anteriores, houve um declínio de 50% do efetivo populacional
regional em apenas 5 anos.
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De entre as várias ameaças que fazem perigar a conservação desta espécie, destacam-se as seguintes:
-De entre as várias ameaças que fazem perigar a conservação desta espécie, destacam-se as seguintes:
-a destruição do habitat de nidificação,
através da introdução de plantas e animais exóticos, do crescimento urbano e da
rede de estradas litorais;
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-a unipostura,
ou seja uma única postura anual só com um ovo;
-a captura e morte de adultos e crias para obtenção de isco, para alimentação ou por vandalismo;
-a captura e morte de adultos e crias para obtenção de isco, para alimentação ou por vandalismo;
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-a elevada mortalidade, na época do Outono, associada ao
atropelamento e colisão de cagarros juvenis em estradas e localidades
costeiras, motivados por encadeamentos.
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Salvamento de cagarros em 2013 |
Embora todas as ameaças elencadas tenham de merecer, transversalmente, a
atenção das entidades públicas e da população, a incidência da Campanha
SOS-Cagarro, foca-se centralmente no combate às últimas duas, exigindo uma
grande sensibilização e voluntariado das pessoas e o reforço de vigilância e
fiscalização das autoridades militarizadas como
a PSP, Polícia Marítima, e GNR, através da brigada SEPNA, devendo
todos nós colaborar com elas, na denúncia de situações ilícitas.
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As mensagens e informações que se transmitem no
âmbito da Campanha SOS-CAGARRO, através das associações de ambiente, escolas,
escuteiros, Parque Natural de Ilha, e da comunicação social, visam essencialmente, provocar mudança de
atitudes e o despertar de sensibilidades, levando à compreensão das pessoas a
razão da preservação das espécies de forma refletida , consciencializada e sentida
como responsabilidade individual e coletiva.
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Sem a ajuda de
campanhas de salvamento de cagarros, a taxa de mortalidade de indivíduos
vítimas de queda, seria muito próxima
dos 100%, pois a tendência quando caem é de se esconderem em locais
escuros, levando-os à morte por hipotermia, fome, predação e atropelamentos. Em
especial no período de15 de outubro-15 de novembro, durante o qual os juvenis normalmente iniciam o primeiro voo em direção ao mar, há que tomar algumas
medidas simples como sejam: desligar ou reduzir a iluminação pública nas
zonas mais suscetíveis de queda (zonas balneares), desligar ou reduzir a
intensidade luminosa nos campos de jogos, recorrendo se necessário a escudos
que impeçam que as luzes sejam direcionadas para cima e aumentar a eficiência
das brigadas de salvamento de aves acidentados nas áreas junto ao mar, como
Anjos, Maia, S.Lourenço e Praia Formosa.
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Para se avaliar a importância crucial da Campanha, sublinhe-se que,
tendo em conta os salvamentos que têm sido efetuados e os censos populacionais
disponibilizados, se ela não acontecesse, a população mundial da espécie até ao
final do século, seria reduzida de 75% a 80%.
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É uma
Campanha puramente cívica e pedagógica, que levam as pessoas a sentir prazer, e
a aumentarem a sua consciência cívico/ecológica, depois de compreenderem os
valores ambientais e de solidariedade
que lhe estão subjacentes, e de agirem em consonância com eles.
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Os dezanove anos de Campanha SOS-Cagarro, em Sta Maria, tem vindo a ter
resultados muito positivos, e uma onda crescente, em termos de sensibilização
ambiental e ações cívicas no terreno.
Mas para aquelas pessoas mais fechadas às mensagens pedagógicas, e às
atitudes civilizadas, e que são da estirpe de que "para aprender é preciso doer
", lembramos que o cagarro é uma espécie, que para além de estar protegida
pela Directiva “Aves” e Convenção de Berna, está incluída no Anexo A-1 do DL 49/2005, pelo que, pelo alínea a) do
n.º 1 do Artigo 11.º do mesmo DL a
captura abate ou detenção desta ave é punida nos termos da alínea a) do n.º 2
do seu Artigo 22º com a coima no valor de 125 € a 3740 €, a cada
infrator.
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Já lá vai o tempo em que para se ser tido como "bem educado"
bastava ser obediente aos pais, ter boas maneiras à mesa, respeitar os mais
velhos e dizer bom dia a toda a gente. Estas práticas continuam a ser de praxe
obrigatória, mas, às mesmas, deverá acrescentar-se-lhes, relevantemente, o respeito pelos direitos dos animais e pelo
ambiente, assim como a prática de condutas ecologicamente corretas.
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Só com boa educação social e ecológica, o
cidadão se poderá considerar um ser humano integral e civilizado, à luz da
sociedade hodierna.
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Enfoco, ainda, que a Campanha SOS Cagarro se já se justificaria só
pelo valor intrínseco da proteção da espécie, estas aves são muito úteis como
bons indicadores de cardumes de peixe, pois alimentam-se em associações com
golfinhos e atuns, sendo muitas vezes utilizados pelos pescadores para
identificar a posição de cardumes de atum. Embora muito desajeitadas em terra,
são aves muito ágeis em voo, planando rente às vagas do mar de forma a reduzir
o atrito e aproveitar a energia do movimento das águas.
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Como mensagem
final relevo que:
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“Seria
importante que a excelente “onda positiva” de responsabilidade ecológica e de
civilidade mostrada na Campanha
SOS.CAGARRO, não se cingisse só à unidirecionalidade da espécie,
impulsionada por uma mediatização temporal (15 Out. – 15 Nov.) mas que fosse
extrapolada para a observância e prática atitudinal do bem-estar de todos os
animais em geral, durante todo o ano, fazendo crescer uma massa
crítica e ações cívicas, que condenem e denunciem os maus-tratos.”
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Coordenador do CADEP-CN
Representante dos Amigos dos Açores Sta Maria
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