Cinco investigadores portugueses vão realizaram, no Verão passado, a
primeira escavação de um forno de olaria nos Açores, em Vila do Porto, Santa
Maria, considerada a "ilha mãe do barro".
Os trabalhos decorreram na rua dos
Oleiros, num forno presumivelmente datado dos “finais do século XVII,
princípios do século XVIII”.
Segundo Élvio Sousa, arqueólogo da Câmara Municipal de Machico, “vamos
escavar um forno de olaria que está semienterrado que encontrámos mesmo no
centro de Vila do Porto. Está lá o forno ainda com os objetos dentro” Élvio
Sousa adiantou que atualmente desconhece-se a forma dos objetos que se usavam
há 200 anos, esperançado que a “escavação coloque a nu mais conhecimento sobre
a vida quotidiana das populações insulares e, sobretudo, da população da ilha”
que teve “um significado importante para a economia açoriana”.
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A campanha sucedeu a outras, encetadas em 2008 em Santa Maria, que
desembocou na dissertação de doutoramento do arqueólogo: “Ilhas de Arqueologia.
O quotidiano e a civilização material na Madeira e nos Açores (séculos
XV-XVIII)”, em 2011. “Agora trata-se de uma parceria com a Câmara Municipal de
Vila do Porto com o apoio Universidade Nova de Lisboa”, adiantou Élvio Sousa,
investigador do Centro de História de Além-Mar daquela instituição.
Nas campanhas anteriores, que não incluíram a escavação de um forno, foram
encontrados objetos “significativos da olaria local, exemplificando como
“talhões, alguidares, pratos ou púcaros”. “Hoje em dia restam alguns fornos e
algumas possíveis localizações de uma atividade que deverá ter desaparecido na
década de 60 do século passado”, declarou, salientando a importância deste
trabalho para registar para a posteridade esta indústria: “A própria câmara
mandava executar obras municipais com a taxa de extração do barro, era uma
fonte de receita municipal”.
O arqueólogo salientou que “Santa
Maria tem uma importância para a história do arquipélago dos Açores porque é a
ilha geologicamente mais remota, foi a primeira ilha a ser povoada e é
conhecida pela ilha mãe do barro, porque dispunha de matéria-prima argilosa
para abastecimento de argila para todo o arquipélago, inclusivamente para a
Madeira”.
Segundo Élvio Sousa, o trabalho assume maior importância porque, no seu
entender, Vila do Porto é “a vila mais emblemática dos Descobrimentos no país”.
“A arquitetura civil do século XVI na Madeira já desapareceu. Em Vila do Porto,
temos ainda a arquitetura tardo-gótico, temos as casas tal como eram no século
XVI”, observou, referindo que “a povoação ainda se desenvolve conforme a
descreveu Gaspar Frutuoso, cronista da época dos Descobrimentos”.
Fontes consultadas: Lusa e Baluarte
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