No meu tempo de infância, sem dúvida que em torno do Presépio
inspira-se o cheiro do Natal e “o verdadeiro espírito natalício”. Naquela
altura, no Presépio pontificavam os pratos com trigo, a que minha avó Angelina
chamava de “relvões”, imitando pastos verdes, musgo, rochas, água, miniaturas
de pessoas e animais em barro, dando vida ao ambiente físico recriado, até às
imagens na gruta (Menino , Maria, José, vaca, burro, cordeirinhos, Reis Magos...Tempo
de muito artesanato, criatividade e imaginação, mas sempre à volta de uma
matriz tradicional centrada em Jesus Cristo. Para alumiar e aquecer os gostos:
as velas, as candeias, o milho e as favas torradas, licores tradicionais divinais de tangerina,
amora... e o vinho abafado, com o doce acompanhamento dos figos passados, dos nossos biscoitos de orelha
e de aguardente, júlias, cavacas... e já algumas das iguarias mais recentes.
Naquele tempo, com mais ou menos comida e prendas, o Natal
sempre foi tempo de dar centralidade a Jesus, de união familiar e de se
aquietar a maldade e de exercitar a bondade...Deve continuar a ser assim, pela
força da mensagem que Jesus veio trazer, da tradição mais pura e, numa dimensão
menos genuína, mas real, do comércio, ou seja, da luta incessante entre o “ser,
o estar” e o “ter”...
Não deixemos que o Natal deixe ser dominado pelos pais
natais de apelo aos valores terrenos e levianos do consumismo, secundarizando o Aniversariante Jesus e os “valores
da salvação” que nos trouxe.
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