REPAROS
E SUGESTÕES SOBRE A PROPOSTA DE PLANO DE PORMENOR DA PRAIA FORMOSA
Sobre a proposta do Plano de
Pormenor da Praia Formosa, em coerência com o que expressamos noutras instâncias e de “viva voz”
em três sessões públicas de apresentação, agora, através de uma ficha oficial de
participação, reiteramos a posição abaixo apresentada.
Não concordamos com a permissão
do exagerado volume de carga urbana, sobre o litoral desse belo e emblemático
espaço natural e semi-natural que têm a sua verdadeira riqueza no misto de
ruralidade e urbanidade, devendo no nosso entender dar-se larga predominância
aos espaços naturais. Esta é a nossa principal preocupação, devendo também
ser o fulcro das orientações-chave e a matriz principal deste PP.
Defendemos que os lotes não
deveriam ser de malha tão apertada e tão bastos, como estampa o PP, mas com
maior área total, menor área de implantação urbana (edificações) e com
permissão de volumetria de um só único piso, nos novos loteamentos. A
minha proposta de redução em mais de 50%
na Praia Formosa dos fogos propostos, na nova “zona aedificandi”, não seria mais do que bom senso, razoabilidade,
flexibilidade autárquica e uma mitigação dos desideratos das partes, e dos
diferentes interesses, sem imposição de qualquer radicalismo.
Propomos também, em termos
regulamentares, a salvaguarda da traça típica das casas rurais marienses
existentes na zona e a não permissão de novas edificações, nas proximidades de
tipologias dissonantes, pois a referência patrimonial e a “imagem de marca”
deve ser a existente e a que estampa a singularidade da ilha.
Embora saibamos que o POOC dá predisposição
à abertura de novos loteamentos na área apontada no PP, em termos de
ordenamento de detalhe, incumbe à Câmara Municipal decidir e definir a densidade
de urbanização, devendo na execução dessa competência cumprir as orientações
mestras e hierárquicas daquele IGT especial de “evitar a pressão urbana sobre o
litoral e privilegiar a edificabilidade nos aglomerados existentes”,
assim como “proteger os valores ambientais, naturais, culturais e paisagísticos do litoral”.
Sobre as cores das casas
defendemos o branco para o corpo global da habitação e a recomendação das
“vistas” na cor “almagre, como coloração tradicional da freguesia de
Almagreira.
Não concordamos com a proibição de estacionamentos junto ao litoral
(marginal que confina com a praia), pois tal ideia não beneficia em nada o
ambiente, a paisagem, nem engrandece globalmente a essência do lugar, e quebra
radicalmente a qualidade de uma fruição de proximidade da língua de areia e da
contemplação do mar, que marca o “modus
vinvendi” dos marienses, desde que praia Formosa Formosa é humanamente
fruída. Esta é uma questão racional e afetiva que também deverá ser tomada em
conta e reforçada neste Conselho de Ilha.
Recomendamos também que seja
feito um aprimoramento de rigor nas áreas particulares constantes dos lotes e
das cedências de parcelas de terrenos particulares, pois trata-se de uma
questão técnica que a objetividade exige, para evitar complicações futuras.
Apelamos à Câmara Municipal para
que haja a sensibilidade e a necessária sabedoria de se aprender com os erros
dos outros, em termos de excessiva urbanização e impermeabilização de terrenos,
como no Algarve, Canários, na Madeira, e mesmo em S.Lourenço (Santa Maria), que
ao artificializarem demasiado espaços nobres, dando primazia ao casario, ao
betão e ao asfalto, destruíram nobres valores paisagístico-ambientais,
empobrecendo-os e tornando-os “pesados” e “repelentes”. Não queremos isso para a Praia
Formosa, também estando em crer que a
Câmara Municipal também o desejará, não querendo ficar marcada por essa
“mancha destruidora” neste lugar nobre, emblemático e singular a nível local e
regional e de grande apreciação e enaltecimento até a nível internacional, tão
só, porque, ainda ostenta os valores que aqui defendemos.
Relevamos, ainda, que no
ordenamento do território, o interesse coletivo deverá estar sempre acima do
interesse privado, devendo os patrimónios histórico-cultural e pasisagístico-ambiental
dos espaços territoriais nobres e especiais, como os que estão em causa, serem
imperativamente salvaguardados, como suas mais-valias centrais de interesse
coletivo, para a perpetuação da sua atratividade e obrigação de legado às
próximas gerações.
Reconhecemos a necessidade do ordenamento de
pormenor a zona da Praia Formosa, e enalteço, com vivo e sincero
reconhecimento, a edilidade por avançar nesse imperioso caminho. No entanto,
não aceitamos que o processo assente em imposições e que o mesmo não atenda à
relevância e salvaguarda obrigatória dos valores fulcrais, dos lugares em
questão, devendo, nesse desiderato mitigar as propostas que apresenta, tomando
também em conta a essência dos nossos reparos e sugestões.
Ficamos esperançados e
acreditamos na capacidade de abertura e de flexibilidade da Câmara Municipal,
em orientar a equipa técnica dos Planos de Pormenor dos Anjos e da Praia
formosa, no sentido de proceder às mudanças que o bom senso das nossas
propostas exige, na defesa da preservação da atratividade e da qualidade de
vida (presente e futura), naquelas duas relíquias balneares e referenciais de
Santa Maria e dos Açores.
Vila do Porto, 30 de janeiro de
2013
José Andrade Melo
CADEP-CN e Amigos dos
Açôres, Sta Maria
1 comentário:
Que história.
Primeiro. Plano de pormenor? onde está o pormenor? pormenor de quê?
Segundo. Quem foi que encomendou este plano e para quê? qual o objectivo?
Terceiro. A sério que é na boa destruir o paquete? depois de ter acabado de ser construído? isto parece um plano das "alle manhas".
Quarto. O Forte é o quê? "Praia da Formosa"? Aterro? Demolir casas para o bem comum?
Quinto. O que é o quadradinho preto que está adjunto ao Forte?
Sexto. Parque de estacionamento defronte á praia e redução de quê? que contra proposta é essa?
Setimo. Analizar com cuidado o documento escrito que acompanha essa vergonhosa planta. Até parece obra do diabo.
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